Economia

Trump quer acordo com Brasil e elogia Bolsonaro: 'Grande cavalheiro'

Os dois países já começaram a mapear barreiras ao comércio bilateral que não são tarifárias para avançar nas negociações
Trump e Bolsonaro, durante reunião bilateral durante o G-20, no Japão Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Trump e Bolsonaro, durante reunião bilateral durante o G-20, no Japão Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que quer seguir em frente com um acordo comercial com o Brasil, abrindo portas para questões comerciais entre os dois países. O presidente americano não deu detalhes de como estão as negociações.

Em conversas com repórteres na Casa Branca, em Washington, Trump citou o que diz ser um bom relacionamento com Brasil e elogiou o presidente Jair Bolsonaro, segundo ele "um grande cavalheiro" com quem tem um "relacionamento fantástico".

Acordo: Tratado entre Mercosul e UE não deve prejudicar acordo Brasil-EUA, diz secretário americano de Comércio

— Tenho um ótimo relacionamento com o Brasil. Tenho um relacionamento fantástico com o presidente. Ele é um grande cavalheiro. Acho que ele está fazendo um ótimo trabalho — disse Trump, em reposta à pergunta da repórter da Globo News. — Vamos trabalhar em um acordo de livre comércio com o Brasil. O Brasil é um grande parceiro comercial.

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, se encontra esta semana no Brasil para promover o intercâmbio entre os dois países. A visita de Ross busca reforçar o compromisso do governo Trump "com um forte relacionamento comercial e econômico com o Brasil", segundo um comunicado oficial.

Diplomacia: Secretário dos EUA se reúne com Bolsonaro e Guedes para discutir acordo

Nesta terça-feira, Ross participará da comemoração dos 100 anos da Câmara de Comércio Brasil- Estados Unidos (Amcham Brasil), em São Paulo,  e, na quarta, viajará a Brasília para se encontrar com Bolsonaro, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcisio Freitas, e empresários.

Bolsonaro e Trump já conversaram sobre a viabilidade de um acordo comercial entre o Mercosul e os Estados Unidos durante a cúpula do G-20 no Japão, no fim de junho. Os dois presidentes realizaram um encontro bilateral horas antes do anúncio de que o bloco sul-americano e a União Europeia (UE) haviam assinado um tratado de livre-comércio.

Parceria comercial: 'Onde competimos, é possível fazer joint venture e ganhar escala', diz secretário sobre acordo Brasil-EUA

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Mercosul pelos próximos seis meses.

Em parelalo, Brasil e Estados Unidos já começaram a fazer um mapeamento de todas as barreiras ao comércio bilateral que não são tarifárias. A ideia é que os dois países passem a fazer acordos pontuais tanto na parte comercial, como o fim de restrições técnicas e fitossanitárias, quanto em áreas estratégicas, com destaque para serviços, investimentos e compras governamentais.

Esses tratados poderão ser firmados antes mesmo de uma negociação mais ampla, do tipo 4 + 1, entre os EUA e os quatro países do Mercosul.

Bolsonaro também prometeu avançar em negociações para fechar outros acordos comerciais com outros países como Canadá e Coreia do Sul.

O presidente brasileiro indicou o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador nos Estados Unidos, por acreditar que vai estreitar a relação direta com Trump e, assim, obter ganhos comerciais e atrair investimentos. A indicação ainda precisa do aval dos Estados Unidos e do Congresso brasileiro. No fim desta terça-feira, o chanceler Ernesto Araújo disse que as declarações de Trump mostram que os EUA apoiam o nome de Eduardo Bolsonaro para o cargo.

Alerta à China

Na Casa Branca, o presidente americano também disse que o Federal Reserve (o banco central americano) deveria cortar os juros na reunião que começa nesta terça-feira e se encerra no dia seguinte. A expectativa é que o Fed anuncie seu primeiro corte na taxa desde a crise global de 2008.

Viu isso? Exportação para China gera menos riqueza e postos de trabalho no Brasil que vendas para os EUA

Mais cedo, Trump fez um alerta à China, país com o qual trava uma guerra comercial, afirmando que o país não deve esperar o fim de seu primeiro mandato para concluir qualquer acordo comercial com os EUA, acrescentando que, caso ele ganhe a reeleição na disputa presidencial de novembro de 2020, o país asiático não conseguirá acordo ou um terá um pior.

"O problema de eles estarem esperando... é que, se e quando eu vencer, o acordo que eles conseguirem será muito mais duro do que estamos negociando agora... ou não terão nenhum acordo", disse Trump em uma publicação no Twitter, enquanto as mais recentes negociações entre EUA e China começavam em Xangai.

Após acordo com a UE: 'Mercosul subiu nas prioridades de todo o mundo', diz chanceler Ernesto Araújo

Trump disse que a China parece estar voltando atrás em sua promessa de comprar produtos agrícolas dos EUA, o que para autoridades dos EUA poderia ser um gesto de boa vontade e parte do acordo final entre os dois países.