• Felipe Floresti
Atualizado em
Astronauta da Nasa e pesquisadores do IPAM pedalam pela Transamazônica (Foto: Divulgação/Transamazônica+25)

Astronauta da Nasa e pesquisadores do IPAM pedalam pela Transamazônica (Foto: Divulgação/Transamazônica+25)

A conferência das Nações Unidas que reuniu chefes de estado de todo mundo no Rio de Janeiro em 1992 para debater os problemas ambientais do mundo marcou a vida de Osvaldo Stella. Impactado com tudo que viu e ouviu, resolveu fazer uma investigação por conta própria. Para isso, montou em uma bicicleta e pedalou ao lado de colegas de faculdade por 2.200 km pela rodovia Transamazônica.

Desde então foi praticamente impossível se desligar da floresta. Hoje pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), ele acaba de completar sua terceira jornada pela rodovia amazônica. “Mais do que descobrir algo novo, é a possibilidade de ver a realidade mais próxima. Muita coisa a gente observa pelos dados, mas indo a gente consegue ter uma ideia mais precisa do que esses dados significam”, conta Stella.

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Nessa nova jornada, Stella realizou a expedição ao lado de Paulo Montinho, pesquisador do IPAM, e de um ilustre convidado: Chris Cassidy, astronauta da Nasa. Batizada Transamazônica+25, em referência aos 25 da primeira excursão realizada, a equipe percorreu 1.170 km em 16 dias, entre as cidades de Itaituba (PA) e Humaitá (AM). Durante o trajeto, eles encontraram uma estrada diferente, mais funcional e incorporada na vida dos habitantes da região, embora siga com poucos trechos asfaltados. 

O que não mudou muito foi a relação das pessoas com o meio ambiente. Por sinal, isso só piorou, com o desmatamento, garimpos ilegais e pastagens extensivas. “A gente sabe que existem muitos garimpos, mas só indo lá para entender o que ele significa. Da mesma forma que vemos muitos focos de incêndio por satélites, mas é diferente de ir ver a floresta pegando fogo”, conta. O objetivo agora é transformar o material em documentário.

Ao lado de Cassidy, da Nasa, pode fazer um paralelo à realidade do norte-americano, que já esteve no espaço em duas oportunidades. “A conclusão que a gente chegou é que vivemos em uma Estação Espacial gigante com 7 bilhões de tripulantes”, afirma. “O desafio de gerir os recursos de forma racional é o mesmo”.

Pecuária e desmatamento se espalha às margens da Transamazônica (Foto: Divulgação/Transamazônica+25)

Pecuária e desmatamento se espalham pelas margens da Transamazônica (Foto: Divulgação/Transamazônica+25)

Para Stella, um futuro melhor é possível e não é difícil alcançá-lo. Falta vontade. “É preciso de um novo modelo econômico. Um modelo que não se baseie na pressão sobre os recursos naturais, e a melhor maneira de promover isso é fortalecendo as comunidades tradicionais amazônicas”, diz Stella. “Mas infelizmente as políticas públicas estão mais voltadas para essa visão antiga, que prioriza a exploração ao desenvolvimento sustentável”.

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