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Aos 83 anos, serial killer Charles Manson morre na Califórnia

Condenado por sete mortes em 1969, entre elas a da atriz Sharon Tate, líder de seita que chocou os EUA estava preso há 46 anos e virou até ícone cultural
Charles Manson foi internado em hospital de Bakersfield Foto: California Department of Corrections and Rehabilitation / AFP
Charles Manson foi internado em hospital de Bakersfield Foto: California Department of Corrections and Rehabilitation / AFP

LOS ANGELES — O serial killer americano Charles Manson, líder da seita que assassinou a atriz Sharon Tate e mais seis pessoas em 1969, morreu neste domingo, aos 83 anos. Ele estava internado em estado grave em um hospital de Bakersfield, na Califórnia. Um dos criminosos mais conhecidos nos Estados Unidos, ele estava preso desde 1971.

Manson foi hospitalizado em janeiro para ser operado por lesões no intestino e uma hemorragia interna, mas seu estado foi considerado muito frágil para isto e ele retornou à prisão.

A notícia da morte veio de Debra Tate, irmã da atriz morta pela seita de Manson. A morte foi confirmada pouco depois por uma fonte do Departamento de Correção e Reabilitação da Califórnia (CDCR).

Charles Manson foi o autor de massacres nos quais foram mortos a atriz Sharon Tate, mulher do diretor Roman Polanski, e outras seis pessoas Foto: AP/30.11.1998
Charles Manson foi o autor de massacres nos quais foram mortos a atriz Sharon Tate, mulher do diretor Roman Polanski, e outras seis pessoas Foto: AP/30.11.1998

Ainda insuspeito, o assassino fundou a comunidade hippie conhecida como "A famíia" enquanto vivia entre artistas e músicos na Califórnia do período contracultural, mas liderou o movimento como uma seita composta por seguidores que acreditavam em teorias de que poderiam fazer com que estourasse uma guerra civil apocalíptica entre brancos e negros, interpretada através de músicas do "Álbum branco", dos Beatles.

No final dos anos 1960, Manson ordenou a seus discípulos que matassem ao acaso moradores brancos de bairros abastados de Los Angeles para provocar a guerra civil que tinha como profecia. Ele foi condenado à morte em 1971 ao lado de quatro de seus discípulos pelo assassinato bárbaro de sete pessoas em Los Angeles — incluindo Sharon Tate, que era mulher do cineasta Roman Polanski, grávida de oito meses e meio, em agosto de 1969. As condenações foram comutadas para prisão perpétua, assim como as de seus principais seguidores, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel, Leslie Van Houten e Charles “Tex” Watson.

No fim de 2014, Manson pediu autorização para se casar com uma mulher de 26 anos, Afton Elaine Burton. Depois, desistiu da ideia após descobrir que ela pretendia usar seu corpo para fins de exposição quando ele morresse. Em 2012, apresentou uma demanda para obter liberdade antecipada, que foi rejeitada. Ele teria que esperar até 2027 para fazer um novo pedido.

Ao longo dos anos, Manson se consolidou ainda como ícone cultural: a brutalidade dos assassinatos cometidos por sua seita, que por alguns anos viveu em meio a pacíficas comunas hippies da Califórnia dos anos 1960, ficou marcada no imaginário popular dos EUA. Um choque em uma geração que havia ficado marcada pelo discurso de paz a subversão do chamado american way of life .

Manson é levado para audiência em 1969, acusado de liderar seita que cometeu assassinatos em Los Angeles Foto: AP
Manson é levado para audiência em 1969, acusado de liderar seita que cometeu assassinatos em Los Angeles Foto: AP

Mais de 50 anos depois, os assassinatos da "família" Manson continuam a atormentar as consciências e provocar um fascínio mórbido, alimentado por livros, músicas, circuitos turísticos, sites e filmes.

"Muitas pessoas que conheço em Los Angeles acreditam que os anos 1960 acabaram abruptamente em 9 de agosto de 1969", escreveu a autora Joan Didion.

Na cadeia, Mansou marcou uma suásica em sua testa, claramente visível ao longo das décadas seguintes.

— Deixem marcas para que o mundo saiba que estiveram aqui — disse Manson em uma das várias entrevistas que deu desde a prisão, quando perguntado sobre o que diria aos jovens.

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Polanski e Sharon Tate em Londres, 1968 Foto: STR / AFP
Polanski e Sharon Tate em Londres, 1968 Foto: STR / AFP