Direitos Humanos questiona serviços oferecidos à população de rua durante pandemia do coronavírus em Juiz de Fora

De acordo com levantamento do Centro de Referência, cerca de 80% das pessoas nesta situação não está recebendo atendimento nos abrigos ou refeições. O G1 conversou os envolvidos.

Por G1 Zona da Mata e MG1


O Centro de Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora protocolou um documento para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SDS) sobre falta de atendimento à população em situação de rua durante o período de pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o Centro de Referência, a estimativa é que a cidade tenha cerca de mil pessoas em situação de rua e que 80% desta população não esteja conseguindo receber três refeições ao dia, nem local para pernoite e banho. Para atender a demanda, a SDS abriu mais uma casa de acolhimento, a Casa CEM, no Centro de Juiz de Fora, que tem capacidade para 50 pessoas.

Os outros locais de acolhimento são a Casa de Passagem para Homens, que atualmente tem capacidade para 70 pessoas; a Escola Municipal Dilermando Cruz, com capacidade para 30; a Casa Cidadania, com 50 vagas; e outras 50 na Casa de Passagem para Mulheres. No total, a Prefeitura oferece atendimento para 250 pessoas.

"Essas pessoas ficam impedidas de estarem no sinal vendendo doces, água, fazendo os trabalhos informais e, sem estes recursos, elas necessitam do Poder Público para as três alimentações diárias", explicou a coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos, Fabiana Rabelo.

Desde o início da pandemia, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Bairro Vitorino Braga passou a oferecer cerca de 100 kits com lanches para os moradores de rua, de segunda a sexta-feira.

No fim de semana, entretanto, não há instituições que ofereçam esta tipo de auxílio. "Antes da pandemia nós tínhamos instituições que faziam este trabalho de doação de alimentos e almoço aos fins de semana e hoje estão fechadas", reforçou Fabiana Rabelo

Outra preocupação do Centro de Direitos Humanos é um local para acolher os moradores que estiverem sintomáticos. Atualmente, a Prefeitura não dispõe de um plano para esta situação.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que está analisando os documentos enviados pelo Centro de Referência em Direitos Humanos. Durante o período da pandemia da Covid-19, mais de 500 refeições são servidas por dia pela pasta para pessoas em situação de rua.

Entre as medidas adotadas pelo Executivo, a SDS pontuou que todos os serviços voltados para as pessoas em situação de rua estão funcionando, alguns até com ampliação de horário.

"Houve também abertura de dois acolhimentos emergenciais. Todos estes locais precisam de regras de funcionamento, assim como todos os espaços de grande circulação de pessoas. Há situações em que é inevitável que o usuário seja, temporariamente, afastado do serviço de pernoite para que não exponha aos demais usuários a situação de risco", explicou a pasta em nota.

A Secretaria também explicou que em todos os serviços, as pessoas em situação de rua têm acesso à informação sobre o coronavírus e aos cuidados necessários, como higienização, corte de cabelo e alimentação, além da ampliação de horários de atendimentos em alguns serviços; apoio da equipe de abordagem, que está identificando e orientando as pessoas em situação de rua, que fazem parte do grupo de risco, em parceria com o “Consultório na Rua”.

A pasta reforçou que tem feito promoção de campanhas de doação para pessoas em vulnerabilidade social para distribuição de cestas básicas, roupa de cama, toalhas de banho e material de higiene pessoal; instalação de torneira de água na Praça Antônio Carlos e higienização e desinfecção em unidades de atendimento social, entre outras ações.