Rio

Witzel: 'Pseudodefensores de direitos humanos' são responsáveis por mortes de inocentes em comunidades

'Esses cadáveres não estão no meu colo, estão no colo de vocês', diz governador durante evento em Nova Iguaçu
Witzel: 'Esses cadáveres não estão no meu colo, estão no colo de vocês' Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
Witzel: 'Esses cadáveres não estão no meu colo, estão no colo de vocês' Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

RIO - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, voltou a questionar, nesta sexta-feira, a autenticidade das cartas de crianças moradoras da Maré , durante a inauguração da primeira operação Segurança Presente da Baixada Fluminense, em ruas do centro comercial da cidade de Nova Iguaçu. Para Witzel, "os pseudodefensores dos direitos humanos" são responsáveis pela morte de inocentes em comunidades do Rio de Janeiro. Segundo ele, eles são os "coveiros desses jovens e dessas famílias que hoje estão chorando". Em menos de uma semana, seis jovens de áreas periféricas foram novas vítimas do cotidiano de violência no estado.

— Quando eu digo que quem está de fuzil na mão deve ser abatido, levantam-se vários defensores dos direitos humanos. Quando eles matam inocentes, dizem que foi a polícia que matou. Mas quando digo que tem que abater quem tá de fuzil, eles são contra. Mas são esses que estão de fuzil a tiracolo nas comunidades que atiram nas pessoas inocentes. Pessoas que se dizem defensoras dos direitos humanos, pseudodefensores dos direitos humanos não querem que a polícia mate quem está de fuzil, mas aí quem morre são os inocentes. Esses cadáveres não estão no meu colo, estão no colo de vocês, que não deixam que as polícias façam o trabalho que tem que ser feito. Quanto mais vocês defenderem esses narcoterroristas, outros cadávares serão colocados no colo de vocês, pseudodefensores dos direitos humanos — afirmou Witzel, após o evento.

“Pseudodefensores dos direitos humanos não querem que a polícia mate quem está de fuzil, mas aí quem morre são inocentes”

Wilson Witzel
Governador

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Em seu discurso, Witzel também voltou a defender o uso de helicópteros em operações policiais em comunidades. Para o governador, "existem fuzis em mãos de terroristas, atirando contra inocentes". Witzel também destacou que a polícia não vai "ceder um milímetro" nas operações.

— Nós vamos avaliar se aquelas gravuras realmente foram feitas por crianças. Até porque, quem conhece e estuda o crime organizado, como eu conheço, sabe que o crime organizado é capaz de tudo, até de manipular a mídia. A opinião pública da Maré não é retratada por um número reduzido de pessoas, tive uma votação expressiva na região. O que ouço são relatos terríveis, de gangues que oprimem a comunidade. Nós não podemos permitir que isso continue. O desespero desses criminosos é porque, de helicóptero, chegamos rapidamente onde estão estocadas drogas e armas. Os helicópteros devem e podem ser utilizados.

“O desespero desses criminosos é porque, de helicóptero, chegamos rapidamente onde estão estocadas drogas e armas. Os helicópteros devem e podem ser utilizados”

Wilson Witzel
Governador do Rio

Wilson Witzel, que chegou ao evento de lançamento do projeto vestindo um colete da Operação Segurança Presente e fez um discurso com mais de 30 agradecimentos a parlamentares e instituições do estado, comparou o combate à violência no estado com o combate ao nazismo. Segundo ele, "ninguém deixa a magistratura federal e renuncia a um cargo vitalício para ficar enganando". O governador destacou que está "do lado do bem".

— Chamem os especialistas e perguntem como acabamos com o nazismo na Europa. Como acabamos com a desgraça de mandar gente ser queimada em fornos, de morrer em campos de concentração. Não houve qualquer leniência com o nazismo. A Alemanha foi bombardeada, pessoas morreram. Nós não queremos que pessoas morram. Queremos evitar. E vamos parar? Vamos deixar o crime organizado tomar conta de novo, ocupar as ruas e assaltar de fuzis os shoppings? — afirmou Witzel.

Em Nova Iguaçu, serão 96 agentes, entre policiais militares e agentes civis egressos das Forças Armadas, atuando no centro comercial do município, incluindo as ruas Cel Bernardino de Melo e parte da Via Light. A operação funcionará diariamente, das 8h às 20h. Além disso, todos os dias, serão oferecidas 37 vagas para PMs que queiram trabalhar durante a folga. De janeiro a junho deste ano, a cidade registrou 2.387 roubos a pedestres, cerca de 400 por mês. Além disso, foram 124 roubos a lojas no período.

Wilson Witzel vestiu o colete do projeto Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
Wilson Witzel vestiu o colete do projeto Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

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O investimento do governo estadual é de R$ 1,5 milhão por mês, ou R$ 18 milhões ao ano. Já a prefeitura de Nova Iguaçu arcou com os coletes e instalação da base, em um valor total de R$ 22 mil, bem como a manutenção. Alguns equipamentos, como as câmeras de segurança, os capacetes e os giroflexs, num custo de R$ 35 mil, foram pagos pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) do município.

O prefeito Rogério Lisboa (PL) citou a importância de o projeto chegar à cidade e destacou que nenhum policial do 20° BPM será realocado.

— Foi uma expectativa muito grande, de dois anos. Hoje, recebemos essa bênção. É um programa que deu certo na capital e em Niterói, e com certeza dará certo aqui na Baixada Fluminense. Vamos aumentar o contingente, aumentando a sensação de segurança — destacou o prefeito.

Witzel também comentou sobre a chegada do projeto a Nova Iguaçu:

— Esse programa era considerado um programa da elite, mas Nova Iguaçu também faz parte da elite. A Baixada, o Rio de Janeiro todo merece respeito. O programa vai ajudar o comércio, para que as famílias possam circular à noite, para trazer o turismo a Nova Iguaçu. A cidade tem espaços e equipamentos turísticos, tem teatro, gastronomia. Nós queremos que o dinheiro e o turismo cheguem a todo o estado.

O programa tem como objetivo promover ações de segurança pública visando a um ambiente seguro. Além disso, o Segurança Presente faz ações de apoio social, como, por exemplo, o acolhimento a pessoas em situação de rua. A cidade de Nova Iguaçu ainda deve receber a operação nos bairros de Austin (18 de outubro) e Miguel Couto (6 de dezembro).

Evento teve protesto de morador Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
Evento teve protesto de morador Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

O evento também teve espaço para manifestações. Durante o discurso de Witzel, um grupo de moradores segurava uma faixa questionado gastos excessivos da prefeitura de Nova Iguaçu com serviços de publicidade. No fim da cerimônia, o técnico de enfermagem Fabricio Morais, de 31 anos, criticou a política de segurança pública do governo estadual.

— Ele (Witzel) surfou na onda do discurso sedutor de combate à corrupção. Esse governo não passará. Eu estou aqui justamente para protestar contra o governador que faz uma política assassina. Não é assim, não é atirando a esmo, matando as pessoas. A sociedade é pluralista — afirmou o homem, que também discutiu com o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), que participou do evento.