Por G1

No quarto dia da COP 24, o polonês que lidera as negociações da ONU para reavivar o acordo climático de Paris, Michał Kurtyka, disse nesta quarta (5) que seu país está comprometido com combustível mais verde, apesar de seu presidente ter prometido não deixar ninguém "assassinar mineração de carvão".

O principal objetivo da conferência, que começou no domingo (2), é definir um "livro de regras" para o Acordo de Paris — cujo principal objetivo é manter o aquecimento do planeta abaixo de 2ºC. O "livro de regras" pretende definir, exatamente, como cada país deverá agir para garantir que essa meta seja cumprida.

Secretário de estado no Ministério do Meio Ambiente polonês, Kurtyka disse à agência de notícias Reuters que está trabalhando para um acordo ambicioso que respeite "a letra e o espírito" de Paris. Disse, ainda, que foi o Ministério da Energia, não o presidente, quem estabeleceu a política.

"A Polônia não está construindo novas estruturas de carvão. É um engajamento muito poderoso", disse ele na entrevista. "Novas capacidades adicionais estão sendo construídas no setor de renováveis".

A Polônia, que depende de carvão para cerca de 80% de sua energia e para mais de 82 mil empregos em mineração, é um improvável anfitrião das negociações climáticas da ONU, mas Kurtyka disse que o país estava ansioso para compartilhar com o resto do mundo sua capacidade de transição.

Nos últimos 30 anos, a antiga nação comunista mudou de uma economia controlada centralmente — que, segundo Kurtyka, não é um bom sistema para os seres humanos ou o meio ambiente.

Agora, como a presidência das negociações climáticas, ele disse que a Polônia está buscando "uma transição justa" para um mundo mais verde.

Esses comentários podem diminuir a preocupação com o discurso do presidente da Polônia, Andrzej Duda, na terça-feira (4), quando declarou aos mineiros poloneses, durante o festival em homenagem a Santa Bárabara: "Por favor, não se preocupem. Enquanto eu for presidente da Polônia, não deixarei ninguém assassinar a mineração de carvão".

Acordo de mobilidade

Junto com a Grã-Bretanha, a Polônia assinou na terça-feira (4) uma iniciativa para promover veículos elétricos — que Kurtyka disse que seriam menos poluentes que os motores convencionais, mesmo que fossem alimentados por eletricidade a carvão.

Treinado como engenheiro, Kurtyka disse que os veículos elétricos são mais eficientes que os motores de combustão interna, que geram calor e poluição.

Quase 40 países haviam assinado a iniciativa de compartilhamento de conhecimento, disse ele, e para a Polônia a mobilidade elétrica poderia ajudar o país a gerar empregos para substituir a mineração.

As negociações da COP nesta semana são técnicas, antes do debate ministerial na próxima semana.

Kurtyka disse que os desafios incluem o compartilhamento do ônus entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento do custo de se mudar para um mundo de baixo carbono. Mas a vontade política era forte para cumprir o acordo de Paris de 2015 e a preocupação climática poderia sobrepujar as agendas nacionais, mesmo em tempos politicamente divididos, acrescentou.

"Eu acho que é considerado uma conquista única da humanidade. Está nas mãos dos partidos chegar a um consenso. Estou muito tranquilo. Todos estão dispostos a progredir", declarou, referindo-se às quase 200 nações envolvidas no acordo de Paris.

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