Economia

Sete novas tecnologias já mudam modo de produção industrial no país

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), junto com UFRJ e Unicamp, vai mapear o grau de inovação na produção brasileira
Prédio da CNI, Sesi, Senai e IEL em Brasília, DF Foto: Michel Filho / Agência O Globo
Prédio da CNI, Sesi, Senai e IEL em Brasília, DF Foto: Michel Filho / Agência O Globo

SÃO PAULO - Sete tecnologias já têm impactos disruptivos — inovação que suplanta tecnologias existentes — em sistemas produtivos estratégicos da indústria brasileira: inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), produção inteligente e conectada, materiais avançados, nanotecnologia, biotecnologia e armazenamento de energia. Essas são as fontes de inovações que vêm provocando mudanças significativas em modelos de negócio, padrões de concorrência e em estruturas de mercado para os setores como agroindústria, química, petróleo e gás, bens de capital, automotivo, aeroespacial e defesa, tecnologia da informação e comunicação, bens de consumo e farmacêutico. A constatação é de estudo que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) está elaborando e deve que ser concluído no início do próximo ano.

O chamado "Projeto Indústria 2027" é uma iniciativa da CNI em parceria com os institutos de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nesta primeira fase do projeto, 40 pesquisadores brasileiros e estrangeiros identificaram e analisaram as oito tecnologias de alta relevância para a indústria nacional e mundial, e o potencial de impacto de cada uma delas para dez setores produtivos brasileiros.

Paulo Mól, superintendente do Euvaldo Lodi (IEL) e coordenador da pesquisa, diz que há vários segmentos a indústria investindo em pesquisa e desenvolvimento, mas que esse número ainda é pequeno quando se compara o Brasil a países como China, Estados Unidos e Alemanha.

— No mundo, até 2025, somente com pesquisas em inteligência artificial, serão movimentados US$ 60 bilhões. E os países que devem demandar mais investimentos são os que estão mais adiantados nesse sentido. A China, por exemplo, investe muito mais do que os EUA e a Alemanha em internet das coisas — cita Mól.

De acordo com ele, ainda não se identificou no Brasil qual o setor demandará mais investimentos em tecnologia para melhorar a competitividade no cenário mundial. A pesquisa de campo a respeito dessa questão, diz, estará concluída em um mês e, ai sim, será possível mapear com maior precisão qual o estágio tecnológico da indústria brasileira.

AUTOMAÇÃO EM CURSO

De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), a internet industrial da manufatura ainda se encontra em transição quando o assunto é a transformação da indústria. O país ainda está na fase de automação através da eletrônica, robótica e programação — estágio designado como o da Indústria 3.0. Nos países avançados avança-se num degrau acima, da indústria 4.0, que combina automação com a inteligência artificial.

O índice que mede a automação de um país é aferido pela relação da quantidade de robôs por 10 mil funcionários. Para se ter uma ideia, no Brasil esse índice é de 10 robôs/10 mil empregados. No Japão e na Coreia do Sul a relação é de 400 equipamentos por cada grupo de 10 mil pessoas. Nos Estados Unidos e Alemanha essa automação é de 300/10 mil empregados.

No ano passado, um estudo realizado pela consultoria Frost & Sullivan, apontou que o mercado de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) movimentou US$ 1,35 bilhão no Brasil, sendo que a indústria automotiva e as empresas fornecedoras foram as mais relevantes na demanda por esses investimentos. "No entanto, poucos fabricantes estão prontos para essa transformação, e o ritmo em que eles progridem em direção à produção inteligente pode variar muito", informou a consultoria.

A indústria automotiva, segundo Mól, do IEL, é um dos setores em que o conceito de internet das coisas já está bastante difundido.

— A indústria automotiva tem mais acesso à essas novas tecnologias. Percebe-se que até a noção do produto automóvel vai mudar. Os carros estão muito mais conectados e preparados para essa mudança de paradigma — diz Mól.

EMPREGO

Mól lembra que estes novos conceitos de processo produtivo implicarão em grandes mudanças na formação dos profissionais empregados pelo setor industrial. Segundo ele, aquelas atividades mais rotineiras, como em uma linha produção de automóvel, o homem será substituído pela máquina.

— Haverá uma mudança do profissional, por isso, a necessidade de uma maior capacitação. Ele não estará no chão de fábrica, ele será aquele que irá programar o robô para exercer a função. É preciso, neste sentido, a atuação mais forte das universidades para atender esse novo profissional —afirma Mól.

VEJA QUAIS SÃO AS TECNOLOGIAS

Inteligência artificial: Uma aérea da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar.

Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês): É uma rede de objetos físicos que possuem tecnologia embarcada e conexão com rede capaz de coletar e transmitir dados.

produção

Inteligente e conectada: Chamada também de indústria 4.0, é o novo modo de produção industrial em que há robôs conectados a uma rede em uma linha de produção.

Materiais avançados: Materiais desenvolvidos para melhorar o desempenho dos produtos.

Nanotecnologia: É a tecnologia da manipulação de átomos e moléculas. Esta ciência se dedica ao estudo e criação de novos materiais e produtos.

Biotecnologia. Tecnologia desenvolvida a partir de conhecimentos da biologia.

Armazenamento de energia. Métodos desenvolvidos para reduzir o custo de produção nas fábricas.