Cabelo
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Por Da Redação


Cris Lotaif, empresária, e Lalá Guimarães, da Gucci, defendem a questão (Foto: Jonas Vaz e Divulgação) — Foto: Vogue

Cris Lotaif, empresária, é a favor de pintar os fios:

Sou grande admiradora das cabeleiras brancas, bem cuidadas, assumidas. Eu, aqui com meus fios brancos – que não são poucos – provindos geneticamente, ou pela idade,ou pela quimioterapia,ou pelo estresse, ou tudo junto,várias vezes tive vontade de largar o tonalizante e dizer: “Ok, vocês venceram,vou parar de pintar e pronto!”. Quem quer ficar tingindo os fios a cada 15 dias – o que faço desde os 32 anos? Em sã consciência, acho que ninguém. Mas eu quero muito – e para sempre.

Logo que meus cabelos começaram a crescer depois da quimioterapia em decorrência deumcâncer, eles vieram todos brancos. Lembro queumdia me arrumei inteira para ver se bem-vestida e maquiada eu ficaria bem toda grisalha, tipo a Meryl Streep em O Diabo Veste Prada. Puro engano: com apenas um dedo de cabelo na cabeça, não ficou nada parecido.

Depois do tratamento, meu desejo era voltar fisicamente diferente, pois virei uma outra pessoa. Queria um recomeço que combinasse com a experiência que tive. Houve a chance, mas não embarquei. Na verdade, a diferença não era fora, mas dentro, e assim que pude voltei a pintar à medida que os fios iam crescendo.

Não abrir mão do castanho-escuro, minha marca registrada,me deu uma sensação de coerência com a minha história. Sou a favor de utilizarmos recursos estéticos para nos sentirmos melhor. E hoje,mais do que nunca, adoro cabelos, sejam eles escuros, brancos, loiros ou ruivos. Tê-los é maravilhoso!

Lalá Guimarães, da Gucci, prefere os fios brancos:

Cabelo branco é coisa antiga na minha família. Tenho uma prima que ganhou os primeiros fios aos 15 anos,imagine... Comecei a pintar os meus muito cedo e precisava retocar a cada 15 dias. Um pesadelo para quem não tem a menor paciência para salão de beleza – acho das coisas mais chatas do mundo.Há cerca de dez anos os fios também começaram a cair e foi então que resolvi arriscar.

Sempre fui transgressora, gosto das coisas diferentes e de desafios. Cheguei para a minha cabeleireira na época e disse: “Corta bem curto porque quero ver como é esse branco”. Na minha opinião, tem que ser bem claro. Grisalho, só em homem. Achei que os fios branquinhos iluminaram a minha fisionomia. Talvez por eu ser morena, o contraste ficou bem bacana e assim uso até hoje – e adoro.

A primeira reação das amigas foi um escândalo, porque detonei a idade de todas elas, mas hoje a maioria gosta. Quanto aos homens, é engraçado: tem os que acham que cabelo branco é coisa de velha; tem os que gostam,mas ficam com vergonha de assumir uma mulher assim; e tem os estrangeiros, que acham incrível e supercharmoso. Mas, sinceramente, quem tem de gostar sou eu!

Quanto aos cuidados... Bem, passo xampu normal e duas vezes por semana uso um de cor roxa para tirar o amarelado. Acho que assumir o cabelo branco é um ato de coragem e muito libertador, principalmente em um país machista como o nosso. E só de pensar que não preciso ir ao salão semana sim, semana não, já fico felicíssima.

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