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Coronavírus: Fiscalização em 298 unidades de saúde do Rio aponta déficit de equipamentos de proteção em quase 1/4 delas

Segundo Conselho de Enfermagem, 548 profissionais no estado do RJ já foram afastados com sintomas de Covid-19
Falta de equipamento de proteção individual é queixa constante nas instituições do Rio Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo
Falta de equipamento de proteção individual é queixa constante nas instituições do Rio Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

RIO - O relatório das fiscalizações realizadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren-RJ) entre os meses de março e abril traduziu em números uma queixa que já se tornou comum entre os profissionais no enfrentamento à Covid-19 : a falta de equipamentos de proteção individual ( EPIs ). Das 298 unidades de saúde visitadas no estado, em 72 delas não havia quantidade suficiente para atender a todos. São 24,1%, quase um quarto do total.

O déficit inclui todos os tipos de EPIs: luvas, óculos, toucas, protetores faciais (face shields), capotes impermeáveis e máscaras N95 e PFF2. Das 298 instituições visitadas entre 16 de março e 12 de abril, 172 eram do sistema público e 121 da rede privada.

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Uma das maiores queixas diz respeito às máscaras. Foram 3.212 relatos sobre a falta deste equipamento. No início desta semana, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou que apenas em Minas Gerais foram registradas mais queixas (4.772).

Ao todo, 57 instituições foram denunciadas ao Ministério Público, ao Ministério Público do Trabalho, à Vigilância Sanitária, às secretarias municipais de saúde e à Secretaria Estadual de Saúde. Mas não apenas por falta de EPIs.

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Sem a proteção necessária, os profissionais da área ficam mais expostos ao coronavírus . De um universo pesquisado de 5.171 enfermeiros, técnicos e auxiliares no Estado do Rio, 548 já foram ou estão afastados por terem apresentados os sintomas da Covid-19. Equivale a 10,6% do total.

Há ainda ums agravante: apenas 31 dos 548 foram testados. E, destes, 19 apresentaram resultado positivo. Das 298 unidades fiscalizadas, em 91 havia déficit de profissionais de enfermagem.

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No fim de março, uma profissional da rede municipal denunciou, por meio de vídeo , que o capote distribuído nas unidades de saúde não era impermeável. Ou seja, não protegia os médicos e enfermeiros de eventuais gotículas contaminadas. No hospital Miguel Couto, na Gávea, onde o coronavírus entrou pela ala de cirurgia vascular e pegou a todos de surpresa, há queixas de falta de máscaras e dos protetores faciais .