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Economia Coronavírus

Regras para distanciamento de funcionários e desinfecção de ambientes devem fazer parte da nova rotina da indústria

Fijan lança guia com diretrizes para quando o setor puder retomar atividades
A fábrica da Dimona, em Duque de Caxias. Firjan elabora guia com recomendações para indústria Foto: Divulgação
A fábrica da Dimona, em Duque de Caxias. Firjan elabora guia com recomendações para indústria Foto: Divulgação

RIO - A Firjan anuncia nesta sexta-feira a criação de um guia para ajudar a indústria do Rio de Janeiro em seu processo de retomada. O objetivo é garantir a saúde dos trabalhadores e a manutenção dos empregos em meio às incertezas da duração da pandemia do novo coronavírus .

Na última semana, governos locais começaram a apresentar os primeiros planos para uma retomada gradual da atividade econômica. Parte dos especialistas de saúde, porém, avalia que o país ainda não alcançou o estágio necessário no combate à pandemia para dar estes primeiros passos. Uma avaliação, porém, é recorrente: qualquer iniciativa deve ser feita de forma planejada e gradual.

O guia, diz a Firjan, segue as diretrizes sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate ao Covid-19 e as recomendações da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério da Economia.

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De acordo com o guia, as empresas devem investir na desinfecção do ambiente, na sinalização para manter o distanciamento entre os funcionários e na comunicação interna, fornecendo orientações sobre o uso de máscara ou outro tipo de proteção facial. Há também a orientação para que sejam evitados contatos próximos, como abraços, beijos e apertos de mão.

Segundo Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, o guia surge com o objetivo de tentar amenizar “as duas tragédias” que se instalaram ao mesmo tempo: o desemprego e o coronavírus.

— A primeira preocupação é com a vida humana. Mas precisamos voltar a produzir. Como o Estado vai ajudar os desassistidos se não houver arrecadação . Por isso, o guia vem com diretrizes claras para atravessar esse novo momento com cuidado e atenção à saúde humana — afirmou Vieira.

Segundo o guia, a empresa deve ainda alterar os horários dos turnos para atender as necessidades de distanciamento social. É preciso ainda monitorar a saúde dos trabalhadores assintomáticos, desenvolver um sistema de identificação para casos suspeitos e acompanhar o retorno ao trabalho de infectados recuperados.

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— Temos que construir um novo ambiente, seguindo as determinações das autoridades em relação ao isolamento — destacou Vieira.

Investimento em saúde preventiva

O guia também traz atenção especial  o chamado grupo de risco (pessoas com mais de 60 anos ou com comorbidades). Gilberto Ururahy,  diretor médico da Med-Rio e especialista em medicina preventiva, lembra que um dos pontos mais críticos do coronavírus é justamente a gravidade com que incide em pessoas com doenças crônicas.  Para ele, além das transformações na economia, nas formas de trabalho e no comportamento das pessoas, o alerta ao cuidado com a própria saúde também passará a fazer parte da rotina de precauções.

Para o diretor da Med-Rio, as próprias empresas vão passar por transformações e terão que investir ainda mais em prevenção, por perceberem o peso que a saúde traz para o próprio negócio.

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— As pessoas vão compreender a importância de ter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente e ter um sono adequado. A realização de exames de rotina também vai fazer parte da agenda das pessoas — afirmou ele, que participou ontem de um debate sobre saúde e gestão de pessoas.

Segundo Paulo Sardinha, da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), a participação das empresas é fundamental para que haja uma mudança de mentalidade na sociedade. Ele cita a flexibilização dos horários durante o processo de reingresso das pessoas na rotina tradicional.

— E, como o trabalho é um dos principais ambientes de socialização, é preciso que as empresas entendam e se tornem células de excelência nessa retomada gradativa. É o momento de superar as divergências para achar um caminho convergente — destacou Sardinha.

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José Luiz Pedro de Barros, gerente institucional de Saúde e Segurança do Trabalho na Firjan, diz que os trabalhadores vão encontrar um ambiente diferente quando voltarem às empresas.

— O retorno não será uma volta a tudo como era antes, pois as empresas terão que conviver com novos procedimentos e rotinas de trabalho.  O objetivo do documento é orientar o empresário para o retorno seguro dos empregados e da produção. Cada empresa avalia as medidas que vai adotar, dentro da sua realidade. O guia traz várias sugestões — resume Barros.