Por G1


Modelo 3D do Sars-Cov-2, o novo coroavírus — Foto: Reprodução/Visual Science

Pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos EUA, divulgaram o resultado de um estudo que aponta que é possível localizar no ar partículas virais do novo coronavírus. E, além disso, os cientistas conseguiram pela primeira vez replicar (multiplicar em laboratório) o material do vírus que estava em suspensão.

A descoberta reforça a hipótese de que o vírus é transmissível não somente por saliva, tosse ou espirro, mas também por gotículas que as pessoas expelem quando conversam ou expiram e que são tão leves que podem ficar suspensas no ar durante muito tempo se o ambiente não tiver ventilação suficiente.

Os resultados são preliminares e não foram revisados pelo comitê de leitura de uma revista científica, que deverá analisar se o método usado na pesquisa é confiável. O estudo foi publicado na segunda-feira (20) no site web medrxiv.org, onde a comunidade médica pode analisá-lo e comentá-lo livremente.

Extração das partículas do ar

A mesma equipe já havia publicado em março um estudo que provava que o vírus persistia no ar de quartos de hospital que recebiam pessoas infectadas.

"Não é fácil", explicou à AFP Joshua Santarpia, professor da Universidade de Nebraska, ao comentar a missão de recolher do ar partículas virais com um aparelho do tamanho de um celular.

"As concentrações são frágeis, geralmente há poucas chances de recuperar amostras que podem ser usadas", continuou.

Os pesquisadores extraíram ar dos quartos de cinco pacientes, que conversavam e tossiam, e conseguiram capturar microgotículas de menos de cinco mícrons de diâmetro que continham o vírus.

Em seguida, os cientistas isolaram o vírus e o levaram para um ambiente controlado para replicação, o que conseguiram em três das 18 amostras.

"Eles se replicam em cultivos celulares e, consequentemente, são infecciosos", disse Joshua Santarpia.

No início da pandemia, as autoridades sanitárias consideravam improvável que o novo coronavírus fosse transmitido pelo ar e estimavam que a principal via de contaminação era o contato direto.

Após pressão da comunidade científica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a transmissão da Covid pelo ar não pode ser descartada em alguns tipos de ambientes internos específicos, mas incluiu a ressalva de que a infecção reportada por pesquisadores nesses locais pode estar ligada a uma combinação de fatores e que mais estudos são necessários.

"O debate se tornou mais político do que científico. Acredito que a maioria dos infectologistas concordam que a via aérea é um componente da transmissão", afirmou Santarpia.

Linsey Marr, especialista em transmissão aérea de vírus, afirmou no Twitter que o estudo apresenta "provas sólidas". "Há vírus infeccioso no ar. Resta saber a quantidade que se precisa respirar para ser infectado", concluiu.

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