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Com fuzis nas mãos, milhares protestam contra leis de controle de armas na Virgínia

Multidão é contra projeto do governador para limitar acesso e compra de armamentos; autoridades estão em alerta por risco de violência
Com fuzis em punho, grupo armado participa de protesto contra medidas do governo da Virginia para restringir o acesso a armas de fogo Foto: STEPHANIE KEITH / REUTERS
Com fuzis em punho, grupo armado participa de protesto contra medidas do governo da Virginia para restringir o acesso a armas de fogo Foto: STEPHANIE KEITH / REUTERS

RICHMOND, EUA — Pouco mais de 22 mil pessoas, segundo a polícia, participaram de uma marcha nesta segunda-feira contra os planos do governo do estado americano da Virgínia de implementar regras mais rígidas para a venda e a posse de armas de fogo. O número foi menor do que o estimado anteriormente pelos organizadores, que previam uma marcha de até 100 mil pessoas nas proximidades da Assembleia estadual, na cidade de Richmond .

Portando armas de fogo, incluindo fuzis, e com roupas camufladas, grupos se espalharam pelas ruas da cidade. Vendedores ofereciam camisetas e outros itens com frases favoráveis à liberalização da posse de armas, além de material de campanha do presidente Donald Trump.

O risco de violência era considerado grande, ainda mais em um estado que ainda convive com as lembranças das manifestações da extrema direita em Charlottesville , em 2017, quando uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas em confrontos com grupos antifascistas. Por isso, o governo decretou estado de emergência e impôs medidas adicionais de segurança. Até o início da tarde, no entanto, não foram registradas prisões ou confrontos.

Os organizadores, integrantes da Liga de Defesa dos Cidadãos da Virgínia, criticam a proposta do governador democrata Ralph Northam de impor leis restringindo o acesso a armas de fogo. Elas incluem checagem de antecedentes mais rígidas, o veto a fuzis e o limite de compra de uma arma por mês. Em 2019, ele tentou implementar essas regras após o massacre em Virginia Beach , quando um atirador matou 12 pessoas em um prédio do governo municipal. A proposta foi rechaçada pela Assembleia estadual, na época dominada pelos republicanos, que perderam o comando da Casa em eleições em novembro.

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A iniciativa é vista como um “ataque aos direitos constitucionais” pelos armamentistas. Eles citam a Segunda Emenda da Constituição, que trata do direito de manter e portar armas de fogo.

— As pessoas estão olhando para isso e dizendo “é um canário em uma mina de carvão. Se eles estão indo atrás dos direitos na Virginia, em breve estarão atrás dos nossos também" — afirma Philip Van Cleave, um dos organizadores dos protestos, à agência Reuters.

Ele recebeu o apoio do presidente Donald Trump.

“A Segunda Emenda está sob ataque muito sério no grande estado da Virgínia”, postou Trump no Twitter. Na campanha eleitoral de 2016, a Associação Nacional do Rifle, principal lobby pró-armas nos EUA, doou cerca de US$ 30 milhões à campanha do republicano.

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O governo da Virgínia estabeleceu uma série de regras para o protesto, como a proibição expressa de armas de fogo nos arredores da Assembleia. Eventos realizados em locais fechados realizaram controle dos visitantes, que foram obrigados a passar por detetores de metais.

Além disso, desde a semana passada a cidade de Richmond está sob estado de emergência por conta de “ameaças graves”. Pouco depois de a medida ser adotada, um grupo de neonazistas foi preso , acusado de planejar ações para incitar a violência.

— Nos encontramos nessa situação porque o lobby armamentista está promovendo essa mensagem de que vamos tirar as armas das pessoas, estão atiçando essa fogueira por muitos anos — disse à Reuters Michelle Sandler , integrante do grupo Moms Demand Action (“Mães Pedem Ação”), uma organização em defesa de limites ao acesso a armas de fogo.

O ato coincide com o feriado do Dia de Martin Luther King , morto com um tiro no dia 4 de abril de 1968.