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Por Darlan Alvarenga, G1


Anúncio da Empiricus sobre patrimônio de R$ 1 milhão de Bettina virou alvo de processo no Conar após denúncias de consumidores. — Foto: Reprodução

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu advertir a Empiricus Research e pediu a retirada do ar de 6 propagandas da empresa, incluindo o vídeo com a funcionária Bettina, que viralizou na internet.

Na peça publicitária, Bettina Rudolph, de 22 anos, afirma ter acumulado um patrimônio acima de R$ 1 milhão, após ter começado a investir com R$ 1.520 três anos antes.

Em julgamento realizado na terça-feira (21), a 6ª Câmara do Conselho de Ética do Conar aprovou por unanimidade a recomendação de "sustação agravada por advertência ao anunciante".

A representação foi aberta após denúncias de consumidores e abrange os anúncios "Oi. Meu nome é Bettina. Tenho 22 anos e 1.042.000,00 reais de patrimônio acumulado ...", "Dobre seu salário em tempo recorde", "+251 todos os dias na sua conta", "Receba todo mês R$1.823,53 de aluguel", "Milionário com ações" e "O dobro ou nada".

O processo foi aberto no Conar em março. Na época, o órgão informou que "numerosas denúncias de consumidores" questionaram a veracidade das afirmações contidas nos vídeos, "prometendo sem maiores explicações rentabilidade elevada para investimentos financeiros".

Segundo o Conar, a relatora do caso destacou em seu voto que as peças "trazem desinformação e confundem os consumidores", concluindo que o pressuposto da veracidade não está presente nos anúncios.

Procurada pelo G1, a Empiricus informou que todos os vídeos já foram retirados do ar por iniciativa da própria "e não por a empresa reconhecer qualquer irregularidade nas campanhas".

Ainda que os vídeos já tenham deixado de ser veiculados – alguns deles antes mesmo da decisão do conselho –, o Conar explicou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a sustação visa garantir que as peças não voltem a ser veiculadas, além de advertir o anunciante sobre as normas do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

Campanha 'O dobro ou nada' era o único vídeo que ainda estava sendo veiculado e, segundo a Empiricus, foi retirada do ar nesta quarta-feira (22). — Foto: Reprodução/YouTube

"A Empiricus esclarece que já havia retirado do ar, por livre e espontânea vontade, cinco dos seis anúncios objetos da representação do Conar. A remoção foi feita por razões estratégicas de negócio e não por a empresa reconhecer qualquer irregularidade nas campanhas. A Empiricus informa ainda que descontinuou, na manhã desta quarta-feira (22), a única campanha remanescente", disse a empresa em nota.

Por volta das 12h desta quarta-feira, o vídeo "O dobro ou nada" não estava mais destacado na página principal da Empiricus ou listado nos canais da empresa, mas permanecia publicado no YouTube.

Em abril, o Procon-SP decidiu multar a Empiricus por publicidade enganosa em razão da campanha com Bettina. Mas o processo administrativo aberto contra a empresa ainda se encontra em fase de recursos. De acordo com a lei, a punição varia entre R$ 650 e R$ 9 milhões, conforme a gravidade da infração, a vantagem obtida e a condição econômica do fornecedor.

Como funciona o Conar

As medidas do Conar não têm força de lei e o conselho não tem poder de determinar multas. Mas, em geral, as decisões recomendando alterações ou retirada da propaganda do ar costumam ser sempre atendidas pelos anunciantes e agências de publicidade.

O Conar abre processos a partir de denúncias de consumidores, autoridades, anunciantes, dos seus associados ou ainda formuladas pela própria diretoria.

Se a denúncia tiver procedência, o Conselho de Ética do órgão Conar recomenda aos veículos de comunicação a suspensão da exibição da peça ou sugere correções à propaganda. Pode ainda advertir anunciante e agência.

Os casos costumam levar mais de um mês para serem julgados. Mas o Conar pode recomendar a sustação imediata nas situações de infração flagrante ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

O Conselho de Ética está dividido em oito Câmara, sediadas em São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Recife e é formado por 180 conselheiros, recrutados entre profissionais de publicidade e representantes da sociedade civil.

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