Economia

Caminhoneiros: governo tentará acordo sobre frete com cada setor

Ministro da Infraestrutura promete abandonar tabela suspensa na segunda-feira e buscar consenso em diferentes segmentos
Pedágio da Linha Amarela, no Rio Foto: Thiago Lontra / Agência O Globo
Pedágio da Linha Amarela, no Rio Foto: Thiago Lontra / Agência O Globo

BRASÍLIA - Sob pressão de caminhoneiros, que ameaçaram fazer nova greve, o governo prometeu nesta quarta-feira, em reunião com líderes da categoria, que vai abandonar a tabela com preços mínimos para o frete suspensa na última segunda-feira e vai buscar consenso para a definição de pisos para o serviço. Os novos valores da tabela serão estabelecidos em acordo entre o setor produtivo, os motoristas autônomos e associações de transportadores.

LEIA: Medidas para atender caminhoneiros, como o crédito do BNDES, ainda não deslancharam

— A tabela que foi gerada é uma tabela de custo operacional, ou seja, é o mínimo. Ela não tem as parcelas adicionais que compõem o frete. Tinha havido um problema de interpretação. São 11 segmentos de transportes. Vamos fechar um acordo por setor — disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, após a reunião.

Segundo o ministro, a intenção é que os valores sejam revistos anualmente, também por negociação. Representantes de caminhoneiros avaliaram positivamente a promessa de que a nova tabela irá considerar, em parte, o lucro dos motoristas. Na versão anterior, era negociado entre caminhoneiro e contratante.

— Quem define o lucro total é o mercado, mas dá para melhorar, em todos os valores, e chegar a uma parte disso — disse Carlos Littidahmer, um dos líderes da categoria.

Pressão : Empresas avaliam ir à Justiça após cancelamento da tabela de frete

Os valores serão definidos em acordos por segmentos. O piso do transporte de um granel líquido, por exemplo, será estabelecido entre empresas desse setor, como distribuidoras de combustíveis, e o caminhoneiro que transporta esse tipo de carga. Atualmente, os valores são definidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

— Estou saindo hoje bem contente. Vamos ter essas reuniões, onde vamos buscar esse consenso direto com os segmentos. Hoje, a gente precisa de paz, a gente está buscando isso — disse Wallace Landim, o Chorão, outro porta-voz dos caminhoneiros.

Greve de caminhoneiros: Após um ano, opção de frota própria não vinga em muitas empresas

Reajuste por setor

A crise começou no fim de semana. Uma tabela de frete publicada pela ANTT irritou os motoristas porque a maior parte dos valores ficou mais baixa que os da versão anterior, de maio. Com a ameaça de uma paralisação como a de maio de 2018, o governo suspendeu a nova tabela, elaborada a partir de metodologia da Esalq/USP.

De ônibus: Alta das passagens e problemas da Avianca levam brasileiro a trocar o avião pelo ônibus

Agora, a ideia é ter um reajuste percentual por tipo de carga sobre os valores previstos na tabela suspensa. A expectativa do ministério é que um acordo seja fechado até o fim da semana que vem.

Um dia depois de se reunir com setores contratantes, o ministro da Infraestrutura passou o dia ontem conversando com representantes de caminhoneiros e transportadores para tentar encontrar uma solução para a tabela do frete e para outros pedidos dos motoristas. Na próxima semana, Freitas terá encontro com 30 representantes da categoria para negociar o acordo entre embarcadores, transportadores e autônomos.

A tabela foi criada no governo de Michel Temer como parte do acordo para encerrar a paralisação de maio de 2018, que gerou uma crise de abastecimento no país.