Íntegra da decisão da Justiça sobre a prisão de Fabrício Queiroz
Na decisão da Justiça do Rio de Janeiro que determinou a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, cita que boletos bancários dos planos de saúde do senador e da mulher dele foram pagos em espécie, mas o dinheiro não saiu das contas deles.
A decisão, obtida pela GloboNews, afirma que "a diferença dos pagamentos do plano de saúde da família do referido ex-deputado estadual e os débitos nas contas correntes do casal" passou de R$ 108 mil
Flavio Bolsonaro — Foto: Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo
A quantia equivale, de acordo com o texto, a 63 boletos bancários pagos de "origem alheia aos rendimentos lícitos do casal".
"Tal dinâmica teria se repetido no pagamento dos planos de saúde da família de Flavio. A diferença entre as mensalidades do plano de saúde familiar e os débitos nas contas do casal foi de R$ 108.407,98 – o que equivale a 63 boletos bancários pagos com dinheiro em espécie de origem alheia aos rendimentos lícitos do casal (foram pagos R$ 117.373,43, mas foram debitados das contas do casal apenas R$ 8.965,45)", consta na decisão de Itabaiana.
Veja outros trechos da decisão que autorizou a prisão de Fabrício Queiroz
As informações destacadas pela Justiça são atribuídas a investigação do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro sobre o esquema conhecido como "rachadinha" – onde supostamente parte dos vencimentos de funcionários da Assembleia Legislativa (Alerj) eram devolvidos ao gabinete do então deputado.
Também na decisão, é destacado que a atuação de Queiroz "não se limitava a arrecadar valores dos assessores (na prática da "rachadinha"), mas também em transferir parte dos valores para o patrimônio familiar" de Flávio Bolsonaro.
O G1 entrou em contato com a assessoria do senador, mas ainda não obteve resposta.
Queiroz pagou mensalidades das filhas de Flávio
A decisão também cita ter sido demonstrado pelo MPRJ que Queiroz pagou, em dinheiro, dois títulos de R$ 3.382 e R$ 3.560 reais em 1º de outubro de 2018, para o pagamento das mensalidades escolares das filhas do ex-deputado estadual.
Outro dado do inquérito, apurado pelo Jornal Nacional, indicou que gravações e documentos levantam a suspeita de que os pagamentos feitos pelo ex-assessor teriam saído do dinheiro da "rachadinha".
Consta ainda na decisão, que documentos apreendidos na casa da mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, comprovam que ela recebeu pelo menos R$ 174 mil "em espécie de origem desconhecida e usou para pagar as despesas do Hospital Albert Einstein", onde o ex-assessor ficou internado, também em dinheiro.
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