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Rio

Deputado que quebrou placa com nome de Marielle emoldurou fragmento e botou na parede

Rodrigo Amorim (PSL) pendurou parte da placa quebrada em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio
Rodrigo Amorim: placa quebra de Marielle Franco e miniatura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump decoram seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio Foto: Foto de leitor
Rodrigo Amorim: placa quebra de Marielle Franco e miniatura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump decoram seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio Foto: Foto de leitor

RIO - O deputado Rodrigo Amorim (PSL), que quebrou uma placa com o nome de Marielle Franco no ano passado, emoldurou fragmento do artefato quebrado e o pendurou em seu gabinete, na Assembleia Legislativa do Rio, como uma espécie de troféu. A vereadora do PSOL foi assassinada a tiros em março de 2018, junto com o motorista Anderson Gomes. Com o apoio de Jair Bolsonaro (PSL), Rodrigo Amorim foi eleito o deputado mais votado da Alerj.

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No ano passado, Amorim retirou o objeto que, em homenagem a Marielle Franco, havia sido afixado por manifestantes sobre a placa que indicava a praça Marechal Floriano, em frente à Câmara Municipal do Rio. Como justificativa, Amorim argumentou que estava "restaurando a ordem".

Procurado pelo GLOBO, que teve acesso à foto por meio de um leitor, Amorim confirmou que emoldurou a placa quebrada e a pendurou na parede de seu gabinete.

— O fragmento da falsa placa é o símbolo da restauração da ordem no Rio de Janeiro. Há alguns dias me manifestei no plenário da Alerj quanto à desordem protagonizada por alguns deputados da esquerda que pretendem transformar os corredores do Legislativo em local de doutrinação ideológica. Minha manifestação é na privacidade do meu gabinete sem afrontar absolutamente ninguém — disse ele, em referência a placas, com o nome de Marielle Franco, que deputados do PSOL fixaram nas portas de seus gabinetes na Assembleia Legislativa do Rio.

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Caso Marielle

Na quarta-feira, o Caso Marielle, como ficou conhecida a investigação das mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, completou 11 meses, ainda sem uma resolução. Em janeiro, o Ministério Público do Rio e a Polícia Civil desencadearam a Operação Os Intocáveis, que mira integrantes do Escritório do crime , uma quadrilha de pistoleiros que integra a milícia que comanda o crime organizado na área de Rio das Pedras e Muzema, na Zona Oeste. O miliciano Orlando Curicica denunciou no ano passado o possível envolvimento deste grupo na morte da vereadora do PSOL, o que é investigado pela polícia.

Entre os alvos da ação, estão o ex-Major da PM, Ronald Alves Pereira, que foi preso, e o ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães de Nóbrega, que segue foragido. Ambos foram homenageados por Flávio Bolsonaro (PSL) em 2003 e 2004 . Na ocasião, Ronald era investigado há três meses por envolvimento na chacina de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense.

Em nota, na ocasião,  Flávio Bolsonaro afirmou que, sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuou na defesa de agentes de segurança pública. Ele disse, também, que já concedeu centenas de outras homenagens e aqueles que cometem erros devem responder por seus atos.

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