Por RJ1


Profissionais da saúde fazem protesto em Bangu

Profissionais da saúde fazem protesto em Bangu

O RJ1 desta terça-feira (10) fez um balanço do atendimento na rede municipal de saúde do Rio. Atrasos de salários afetam desde as unidades básicas até as emergências dos grandes hospitais em todas as regiões da cidade.

Médicos e enfermeiros sem salários paralisam atendimento da rede municipal no Rio

Médicos e enfermeiros sem salários paralisam atendimento da rede municipal no Rio

Nesta segunda-feira (9), sindicatos de profissionais de saúde divulgaram uma carta em que anunciaram uma paralisação de dois dias das unidades de atenção básica e uma restrição em hospitais geridos por organizações sociais.

“Quem trabalha em unidades gerenciadas por OSs e ONGs está passando até fome”, diz a carta.

As OSs afirmam que a prefeitura não está repassando verba para salários e custeios.

Veja, a seguir, a situação por região e por especialidade.

Clínicas da Família

Crise na Saúde: médicos e enfermeiros decidem fechar Unidades de Atenção Básica

Crise na Saúde: médicos e enfermeiros decidem fechar Unidades de Atenção Básica

As Clínicas da Família compõem a rede de atenção básica. Deveriam fazer o primeiro atendimento à população em casos menos graves, mas amanheceram fechadas nesta terça — e assim devem ficar nesta quarta-feira (11).

A aposentada Penha Guimarães procurou a Clínica da Família Dr. Felippe Cardoso, na Penha, Zona Norte do Rio. Não foi atendida.

“Estou com pedra na vesícula, problema no coração... vim pegar o resultado e mostrar a eles, mas está em greve”, disse.

Geralda Imaculada Lúcio, também aposentada, também voltou de mãos vazias.

“Tomo remédio controlado. A médica não veio para me dar uma nova receita”, lamentou. “Não tem lugar para a gente ir. Se a gente vai na UPA, está cheio”, emendou.

Zona Oeste

Hospitais Pedro II, Albert Schweitzer e Rocha Faria estão com problemas no atendimento

Hospitais Pedro II, Albert Schweitzer e Rocha Faria estão com problemas no atendimento

Três hospitais municipais ficam na região: o Pedro II, em Santa Cruz; o Rocha Faria, em Campo Grande; e o Albert Schweitzer, em Realengo.

O Rocha Faria tem enfrentado superlotação, pois é para lá que muitos pacientes vão depois que não encontram socorro em unidades geridas por OSs.

“Os exames estão demorando horrores, o setor de raio-X está lotado. Tinha umas 40 pessoas na minha frente e apenas um especialista para fazer”, disse a acompanhante de um paciente nesta segunda-feira.

Breno França sofreu um acidente de moto e buscou atendimento no Rocha Faria — Foto: Reprodução/TV Globo

Nesta terça, Breno França sofreu um acidente de moto e sangrava à espera de auxílio.

“Não resolvem nada. Ficam mandando ir numa sala, na outra e não resolvem nada”, falou.

Em Santa Cruz, no Pedro II, a situação não era diferente. Uma mãe levou o filho depois de uma crise de epilepsia.

“A mulher falou para mim na minha cara: só vai atender ele, se ele estiver com crise na hora. Eu não tenho como voltar para casa”, afirmou.

Em Realengo, o Albert Schweitzer passou a manhã desta terça vazio — por causa da greve.

A menina Maria Fernanda, de 3 anos, fraturou o cotovelo e o operou no próprio hospital. Mas teve complicações no pós-operatório e não conseguiu dormir de tanta dor.

“Está com dor, sem se alimentar. Nada foi resolvido. Não dormiu. Falaram que está restrito lá dentro”, disse a mãe.

Zona Norte

Hospital Salgado Filho tem superlotação

Hospital Salgado Filho tem superlotação

A região tem o Hospital Municipal Salgado Filho, com administração direta da prefeitura. Lá os salários até estão em dia. Justamente por isso, a procura é grande.

Pacientes afirmam que nesta terça-feira a espera passava de seis horas. Imagens mostram macas enfileiradas em um corredor na emergência.

Amanda da Silva aguardou três horas e meia por atendimento para a filha, que reclamava de febre e dor de garganta.

“Receitaram antibiótico e dipirona, mas não tinha na farmácia do hospital”, afirmou.

Centro

Souza Aguiar também recebe pacientes de outras unidades

Souza Aguiar também recebe pacientes de outras unidades

O Hospital Souza Aguiar é uma das principais emergências da cidade. São 372 leitos.

A unidade é referência para quem busca atendimento de otorrino, urologista e oftalmologista, entre outras especialidades.

Depois de passar pela UPA de Copacabana e pelo Miguel Couto e não conseguir atendimento, a dona de casa Milena Rosi trouxe o pai para o Souza Aguiar.

“A médica já pediu internação, mas não consegue internar. Está tomando remédio na veia, todo roxo... isso é um descaso”, reclamou.

Hélio Ferreira Soares, jardineiro, tentou o Salgado Filho, mas não tinha oftalmologista. “Aí corri para cá sem saber de nada, mas fui bem atendido”, relatou.

Ainda no Centro, o atendimento está comprometido na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda. O quadro de funcionários está reduzido. Segundo funcionários, 50% das equipes de emergência estão atendendo os pacientes classificados como graves pela triagem (cor amarela, laranja e vermelha). Os menos graves (verde e azul) não estão sendo atendidos. Os ambulatórios estão parados e apenas procedimentos de emergência estão sendo realizados.

Zona Sul

Paciente não conseguem atendimento no CER Leblon

Paciente não conseguem atendimento no CER Leblon

O Hospital Miguel Couto tem 319 leitos. A unidade é referência em ortopedia, traumatologia e neurocirurgia. Ao lado da unidade, fica a Coordenação de Emergência Regional (CER) do Leblon, que faz a primeira triagem.

Nesta terça-feira, o problema estava na CER. Funcionários cruzaram os braços.

“Desde o dia 3 que procuro um hospital, por problema renal, e nem exame de sangue consegui fazer”, disse um paciente.

O que diz a prefeitura

Sobre as clínicas da família, a Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde informa que as unidades “seguem realizando acolhimento, em que casos mais graves têm prioridade no atendimento”.

Pacientes com consultas e exames agendados serão remarcados. “Os pacientes com casos emergenciais podem se encaminhar para unidades de pronto atendimento, UPAs e Centros de Emergência Regional (CERs)”, emendou.

Sobre o Salgado Filho, a direção afirmou que “trabalha de portas abertas, sem recusar pacientes, inclusive de outros municípios”.

Sobre a Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, a prefeitura nega que o setor esteja fechado. “Não há impedimento de funcionamento de leitos. Todas as gestantes que necessitam de internação são devidamente acolhidas e internadas”, disse.

“No momento, devido ao número reduzido de profissionais, e para garantir a qualidade do atendimento, as pacientes internadas estão concentradas nas enfermarias de um único andar”, detalhou.

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