Por France Presse


Crianças e jovens podem praticar esportes no Sesc Amazonas — Foto: Divulgação

Três em cada quatro menores foram vítimas de abusos psicológicos ou físicos durante sua prática esportiva, e os meninos têm mais risco de sofrê-los do que as meninas, segundo revela um estudo em seis países europeus com 10.000 pessoas publicado neste sábado (27).

A forma mais recorrente de abuso é o psicológico, que iria desde a falta de consideração por parte dos treinadores até a pura humilhação, afirma estudo financiado pela União Europeia.

Quase dois terços dos entrevistados declararam terem sofrido violência psicológica, enquanto 44% foram vítimas de violência física.

Para o principal autor do relatório, o sociólogo de esporte Mikel Hartill, da Universidade Edge Hill (noroeste da Inglaterra), os resultados comprovam o "verdadeiramente pouco" que os dirigentes esportivos europeus fizeram para proteger os menores, portanto deveriam fazer "muito mais que desenvolver políticas" de aparência.

"Evidentemente, nossas conclusões são muito preocupantes. Nos últimos anos, vimos alguns casos muito midiáticos de abusos de menores no esporte, mas esse estudo nos ajuda a entender melhor a amplitude do problema", declarou Hartill.

Esse trabalho, desenvolvido em colaboração com a Universidade de Wuppertal na Alemanha, se concentrou em pessoas de entre 18 e 30 anos que praticaram esporte quando eram menores.

A incidência mais alta de abusos foi observada nos menores que participaram de competições a nível internacional. O estudo destaca que os abusos ocorriam dentro do clube e das organizações esportivas.

No total, 10.302 pessoas de seis países europeus - Áustria, Bélgica, Alemanha, Romênia, Espanha e Reino Unido - responderam a um questionário na internet para participar desse trabalho.

A taxa mais alta de abusos foi observada na Bélgica, com 80% dos entrevistados, e na Áustria, embora seja um pouco menor, de 70%.

A Áustria é o único dos seis países onde os abusos com as meninas foram maiores do que com os meninos.

Os autores do relatório afirmaram, por sua vez, que os dados evidenciam a falta de capacidade de vários órgãos esportivos para aplicar políticas de proteção além los protocolos contra a violência sexual.

"Infelizmente, os resultados falam de um setor que faz muito pouco para enfrentar problemas profundamente enraizados".

"Esse problema está muito presente na natureza das relações entre adultos e menores no esporte", afirma.

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