Polícia Federal indicia Vale, TÜV SÜD e mais 13 funcionários por desastre em Brumadinho
A Polícia Federal indiciou a mineradora Vale e a consultora TÜV SÜD pela tragédia de Brumadinho. Treze funcionários das empresas também foram indiciados, nenhum da cúpula da mineradora.
Os indiciamentos foram pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Um deles é o relatório de revisão de segurança de barragem, que atestou a estabilidade da estrutura. Esse lauda foi assinado pelo coordenador de projetos da TÜV SÜD, Makoto Namba, e o geólogo da Vale, Cesar Grandchamp, que estão entre os indiciados. Foi com esse laudo que a mineradora obteve permissão das autoridades para continuar as operações na mina de Córrego do Feijão.
A Polícia Federal afirma que a declaração de estabilidade é falsa pois os engenheiros da Vale e da consultoria TÜV SÜD sabiam que o fator de segurança da barragem B1 estava abaixo do recomendado. Para a polícia, ficou claro que a barragem tinha problemas e que os indiciados ignoraram os riscos.
“Aquela barragem não sendo atestada a condição de estabilidade, o que aconteceria é que aquele complexo provavelmente ia ter que ficar paralisado. Já em relação à TÜV SÜD, no meu entendimento, eles tinham interesse em não criar nenhum tipo de conflito com a Vale, porque eles tinham interesse em atuar em outros contratos”, explicou Luiz Augusto Pessoa Nogueira, delegado de Meio Ambiente da PF.
A tragédia de Brumadinho foi no dia 25 de janeiro. Até o momento, foram identificados 249 mortos, e 21 pessoas continuam desaparecidas.
A Polícia Federal disse que novos indiciamentos poderão ser feitos após a conclusão das perícias sobre os crimes ambientais e de homicídio.
A defesa de Makoto Namba afirmou que o relatório da PF falha ao interpretar conceitos básicos sobre a engenharia de barragens e chega a uma conclusão equivocada.
A Vale informou que irá avaliar detalhadamente o teor do relatório policial antes de qualquer manifestação.
Já a TÜV SÜD disse que não irá comentar sobre os indiciamentos.
Não conseguimos contato com a defesa de Cesar Grandchamp.