Política

Após nova guerra de listas, Eduardo Bolsonaro é confirmado na liderança do PSL na Câmara

Filho do presidente disputava posto com o deputado Delegado Waldir
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) Foto: Jorge William / Agência O Globo
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — Após nova guerra de listas, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) segue líder do PSL na Câmara. A conferência da relação de apoios em prol do deputado Delegado Waldir (GO), que ocupava a liderança até ontem, foi concluída nesta terça-feira. Ele não obteve as 27 assinaturas válidas necessárias para retomar o cargo de líder. Havia 29 nomes de parlamentar endossando Waldir, mas dois foram retirados e um estava repetido, totalizando apenas 26 autenticadas. As assinaturas retiradas foram de Daniel Freitas (SC) e Leo Motta (MG).

O grupo de Eduardo, que desbancou Waldir ontem da liderança, já tinha protocolado uma nova lista que também teve sua conferência finalizada hoje, com 28 assinaturas válidas, do total de 31. Duas delas eram repetidas e uma não passou pela checagem da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara. Assim, Eduardo Bolsonaro continua sendo o líder do partido, que há cerca de duas semanas escancarou uma crise interna, colocando em lados opostos o presidente jair Bolsonaro e o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).

Para que um parlamentar seja considerado líder do PSL, é necessário o apoio de mais da metade da bancada de 53 deputados. Ou seja, 27 assinaturas válidas. Por enquanto, não há outras listas protocoladas para que haja nova mudança na liderança do PSL. A disputa em torno do cargo de líder se arrasta desde a semana passada, com uma primeira guerra de listas em que o próprio presidente Bolsonaro se envolveu para garantir a vitória do filho. No entanto, naquela ocasião, Delegado Waldir conseguiu se manter na posição.

Áudios de Bolsonaro em que ele pedia apoio a deputados para Eduardo ser eleito líder foram vazados. Gravações de Waldir também vieram a público, em que ele chamava o presidente de "vagabundo" e disse que iria "implodir" Bolsonaro. A crise se agravou, com a manutenção, até ontem, de Waldir no cargo. A reação do grupo ligado a Bivar, em oposição à ala bolsonarista, veio na forma de abertura de processo disciplinar contra 19 parlamentares alinhados ao presidente. Eles, por sua vez, obtiveram decisão favorável da Justiça do Distrito Federal para travar qualquer punição.

A lista com 26 assinaturas válidas pró-Waldir protocolada ontem — e rejeitada hoje — foi apresentada quando o PSL tinha decidido suspender cinco deputados bolsonaristas. Diante da revogação dessa suspensão, no entanto, os parlamentares aliados a Luciano Bivar não planejam protocolar uma nova lista. Como estratégia, eles aguardam o processo de suspensão formal, que pode atingir até 19 deputados.

Diante da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) de suspender os processos de punição aos parlamentares , por considerarem que os deputados não foram notificados corretamente sobre o conteúdo do processo disciplinar contra eles. O PSL irá refazer as notificações, segundo o ex-líder Delegado Waldir. A partir dessa nova notificação, eles terão cinco dias para se defender antes que o Conselho de Ética delibere.

Quando um número suficiente de deputados estiver suspenso, aí sim os deputados "bivaristas" irão protocolar uma nova lista para retirar Eduardo Bolsonaro da liderança, afirma Delegado Waldir. A ideia é que, com os deputados bolsonaristas suspensos, sem direito a assinar uma nova eventual lista, Eduardo não terá apoio suficiente para se manter na liderança.

— Após essa suspensão é que a gente vai analisar realmente quem vai se tornar líder — diz Waldir.

Na semana passada, a primeira lista apresentada pelo grupo pró-Bolsonaro pedia a destituição de Waldir. Os aliados de Bivar, porém, reagiram logo com um segundo pedido . Ao todo, três relações foram analisadas no dia 16 de outubro, mantendo o então líder no cargo. Ontem, foram mais três protocoladas, cuja análise terminou hoje.