Por Thiago Lavado, G1


Campuseiros circulam entre as barracas do acampamento da Campus Party 2019. Em 2020, evento será on-line. — Foto: Fábio Tito/G1

Antes mesmo de a pandemia de coronavírus chegar ao Brasil, os organizadores da Campus Party, um dos principais eventos tecnológicos realizados no país, sabiam que a edição deste ano seria diferente.

“Nosso quartel general está na periferia de Milão, que foi o segundo lugar onde a pandemia chegou e tivemos lockdown. Em fevereiro já sabíamos que teríamos problemas para fazer uma Campus Party presencial”, afirma Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party. Em 2020, o evento já trocou de data, saindo do início do ano, época em que ocorria tradicionalmente, para julho.

A solução escolhida para driblar a pandemia foi justamente a digital, tão próxima aos campuseiros, nome dado os participantes do evento.

“Nossas palestras já são por stream ao vivo, nosso público tem familiaridade com ferramentas digitais. Por que não fazer todas virtuais, em vários lugares do mundo em um único momento?”

Essa escolhe permitiu que o evento de 2020 seja gratuito e e simultâneo em 31 países. Tudo pode ser acompanhado pelo YouTube e pelo site do evento, que vão transmitir as palestras. No Brasil, a Campus Party será a partir de três lugares: Brasília, Amazônia e Goiás.

Em cada um deles haverá "palcos" temáticos — tudo on-line — com assuntos e palestrantes relevantes para a região. É possível assistir às palestras que acontecem nos outros países, mas elas serão transmitidas em língua local. As palestras principais serão em inglês.

Segundo Farruggia, a organização do evento fez um investimento recorde em uma plataforma on-line, capaz de abrigar a estrutura de acesso digital. Eles também fecharam um acordo com o YouTube para garantir a transmissão.

Edição gratuita

De acordo com Farrugia houve grande apoio dos patrocinadores do evento e de governos parceiros quando a solução proposta foi migrar o evento para o digital por conta da pandemia.

Campuseiro usa gorro 'viking' na Campus Party 2019 — Foto: Fábio Tito/G1

A resposta dos campuseiros também foi positiva e o grupo que organiza o evento optou por tornar a edição gratuita.

O evento fechou uma parceria com Médicos Sem Fronteiras (MSF) e os participantes serão convidados a fazer doações para a organização. MSF está na linha de frente contra a COVID-19 em quatro estados do Brasil e em mais de 70 países.

Mantendo a interação

Embora seja um evento de tecnologia — conhecido pelas maratonas de hacking e pelo entusiasmo dos participantes, que levam computadores e montam verdadeiras estruturas — a Campus Party tem um traço de interação social bastante distinto. É comum que os campuseiros façam contatos profissionais e pessoais e até conversem com palestrantes pelos corredores do evento.

Em uma edição digital, essa interação fica limitada. Farruggia explica que a solução foi a adoção de um chat na plataforma de transmissão escolhida.

Campuseiro pilota um drone na arena de drones da Campus Party 2019, que fica na área aberta ao público — Foto: Fábio Tito/G1

“É um ônus comparado com o relacionamento físico, mas o chat vai permitir fazer perguntas, pedir informação, participar”, afirma. Ele explica ainda que a oportunidade de conhecer pessoas e fazer contatos se expande na edição on-line: os organizadores esperam que 10 milhões participem do evento em todo o mundo.

“Não tem a mágica da Campus Party, que é uma energia concentrada muito grande. Por outro lado, no Brasil temos pedidos de fazer outra edição global antes do final do ano”, disse.

Principais palestrantes

A edição global da Campus Party vai contar com 5 mil palestras em 3 dias, entre 9 e 11 de julho. No Brasil, serão três eventos digitais: em Brasília, Goiânia e na Amazônia, que recebem "palcos" temáticos e palestrantes de interesse.

A Campus Party terá também um palco global, uma seção de palestras em que grandes nomes da internet e do setor de tecnologia vão debater assuntos como automação, análise de dados e o futuro da rede. Todas essas palestras são em inglês.

Veja os principais nomes do evento global, com data e hora :

  • 09/07, às 11h: Don Tapscott, presidente executivo do Instituto de Pesquisa em Blockchain discute a segunda era da internet
  • 10/07, às 10h: a engenheira Monique Morrow fala sobre o conceito de "realidade extendida", e como realidades aumentadas e virtuais irão expandir o conhecimento coletivo;
  • 10/07, às 12h: Tim Berners Lee, um dos inventores da World Wide Web, Al Gore, político americano responsável por leis de expansão da internet nos EUA, e Vinton Cerf, co-desenvolvedor do protocolo TCP/IP discutem o futuro da internet
  • 10/07, às 14h: Sharron McPherson, co-fundadora do Centro para Tecnologias Disruptivas, debate o futuro do aprendizado na África
  • 11/07, às 11h: Edward Snowden discute o tema desta edição: “Como reiniciar o mundo”;
  • 11/07, às 12h: Jon 'maddog' hall, presidente do conselho do Instituto Profissional Linux, discute o uso de open culture em novas empresas;
  • 11/07, às 13h: Alishba Imran, Isabella Grandic e Nina Khera, três adolescentes envolvidas com empreendedorismo e pesquisa científica, discutem seus projetos e trabalhos e como ajudar a impulsionar a humanidade para o futuro;
  • 11/07, às 14h: Phil Campbell, que já trabalhou como diretor de criação em franquias de filmes como O Poderoso Chefão e James Bond, fala sobre o processo de design durante uma pandemia;
  • 11/07 às 15h30: Ricardo Cappra, renomado cientista de dados, debate como observar fatos e usar os dados para tomar decisões melhores.

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