São 47 casos de estupros investigados, sendo 22 deles atribuídos, por exames de DNA, ao homem que, na avaliação psicológica feita pela Polícia Técnico-Científica, demonstrou frieza, nenhum arrependimento e que agia de forma premeditada. As comprovações foram feitas em uma força-tarefa da polícia.

De acordo com a Polícia Civil, o preso não apresentou advogado durante o interrogatório. O G1 não conseguiu saber se ele já é representado por algum na Justiça.

Na gravação feita na delegacia, uma delegada pergunta: Durante o ato sexual, o senhor tirava o capacete ou sempre ficava com capacete?

O suspeito de ser o estuprador em série de imediato responde: “Nunca tirei”, confirmando ainda a outra indagação se isso se repetia: "Sempre".

As investigações apontaram que Wellington tomava outro cuidado ao abordar as vítimas, só atacando em horários e lugares com pouca iluminação.

“Ela estava andando e do nada você resolveu abordar? Que horas foi mais ou menos?”, perguntou a delegada na gravação.

O homem então conta que era “cedinho, umas 5h30 e 6h”.

“Ele sempre praticava o crime em período de baixa luminosidade, exatamente no período de 5h30 a 6h da manhã e após as 19h. Fator esse que contribui para que as vítimas tivessem dificuldade em descrever o autor”, comentou a delegada Ana Paula Macahado, delegada que compôs a força-tarefa, que prendeu o estuprador em série.

As investigações apontaram que a maioria dos crimes foi cometida em Aparecida de Goiânia, mas ele também fez vítimas em Hidrolândia, Abadia de Goiás e Bela Vista.

Segundo a polícia, Wellington geralmente anunciava um assalto, pegava o celular da vítima e obrigava a mulher subir na moto dele. Depois, ia para um lugar mais afastado, sempre com o capacete, para não ser reconhecido.

O homem considerado estuprador em série foi preso na semana passada, depois da Polícia Civil organizar a força-tarefa que trabalhou por mais de um mês nas investigações.

"Apesar da baixa escolaridade, ele é inteligente. Ele não saia cometendo de forma impulsiva, ele conseguia controlar o impulso para fazer de uma forma com que ele tivesse menos chance de ser pego naquele ato. Tinha algumas condutas que ele fazia como trocar a moto constantemente, andar com galões de água na moto para não ser parado em blitz”, disse o psiquiatra da Polícia Técnico-Científica, Ciro Mendes.

Os crimes vinham sendo cometidos desde 2008. Segundo a polícia, em 2011, Wellington chegou a ser preso depois de violentar uma mulher e a filha dela, recém-nascida, que tinha apenas cinco meses.

Na época ele foi levado para o Mato Grosso porque lá respondia por outros crimes como assaltos e assassinatos. Havia uma condenação a 57 anos de cadeia pela morte de uma mulher e os dois filhos. Mas em 2013, ele conseguiu fugir da prisão e voltou pra Goiás.

Para não ser pego novamente, o estuprador, segundo a polícia, estrategicamente não tinha conta em banco, não usava redes sociais, nem smartphones e ainda roubava identidades de pessoas que se pareciam com ele para usar os documentos depois e despistar a polícia.

Para a polícia, um dos maiores maníacos do estado e que sabia o que estava fazendo. “De uma forma geral, ele tem a consciência de que aquilo é errado, mas ele não sente muito que é errado", o psiquiatra.

“É um homem de altíssima periculosidade, de uma frieza que nos chama muito a atenção. Um cara perverso. Que embora tente se passar por alguém que tem problemas psiquiátricos, nós já requisitamos o laudo psicológico e a Polícia Civil pode afirmar, por meio deste exame, que ele tem plena capacidade de responder por seus atos”, afirmou a delegada Ana Paula.

Segundo a polícia, ao ser preso, o homem estava com uma moto roubada e identidade falsa ao ser abordado. Além de responder por receptação e uso de documento falso, ele também vai responder por roubo e estupro. Devido à quantidade de crimes, a pena, somada, pode chegar a 600 anos de prisão.

Um outro vídeo gravado pela Polícia Civil mostra os investigadores e delegado Carlos Levergger, que também compõe a força tarefa, na casa da família de uma das vítimas do estuprador em série.

A imagem é o momento em que uma das familiares recebe a notícia de que Wellington tinha sido preso. A mulher chora e faz um desabafo ao ver a imagem no celular do homem preso.

“Tinha uma coisa em mim que eu não conseguia descansar. Eu fiz um juramento que esse homem tinha que pagar pela Justiça”, relatou.

A força-tarefa que resultou na operação, batizada de Impius, durou 45 dias e envolveu mais de 40 pessoas. Ela teve início após a Polícia Técnico-Científica encontrar o perfil genético de Wellington em várias vítimas de estupros.

“Em 2015, foram coletados vestígios de uma vítima de estupro e inserido no banco genético. Em 2017, foi coletado novo vestígio de outra vítima e coincidiu com a amostra anterior. No mesmo ano apareceram outras quatro vítimas compatíveis. No final de 2018 já somavam nove mulheres e isso nos chamou a atenção. Com isso, avisamos à Polícia Civil”, disse o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Marcos de Melo.