Rio

Witzel quer usar snipers para abater criminosos com fuzis em favelas

Em entrevista à Globonews, governador eleito disse ainda que quer manter tropas do Exército no Rio por mais 10 meses mesmo após fim da intervenção
Wilson Witzel em entrevista na Globonews Foto: Reprodução
Wilson Witzel em entrevista na Globonews Foto: Reprodução

RIO — O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou nesta terça-feira que quer treinar atiradores de elite para abater criminosos em favelas do Rio. Em entrevista à Globonews TV, ele disse que dificilmente esses policiais atiram em inocentes, e falou que a ordem é para atacar quem quer que esteja na frente dos policiais,  mesmo que seja um bandido de costas:

- Raramente sniper atira em quem está de guarda- chuva. E muito menos em quem está com furadeira. Nesses casos eram militares que não estavam preparados para esse tipo de missão. Os militares da Core e do Bope inclusive serão treinados. Hoje, na Cidade de Deus, um helicóptero filmou cinco elementos armados de fuzis. Ali, se você tem uma operação em que nossos militares estão autorizados a realizar o abate, todos eles serão eliminados - disse Witzel ao ser questionado sobe episódios em que inocentes foram baleados porque outros objetos foram confundidos com  armas pelos policiais, e complementou:

- Fuzil na mão? É ameaça. Ele vai usar o fuzil para atacar para quem quer que seja na frente dele  - ao responder a uma hipótese  onde um traficante esteja de costas com fuzil.

O governador eleito, no entanto, reconheceu que não pode garantir que os policiais não serão condenados pela Justiça.

- Prefiro defender policiais no Tribunal do que ir a funeral. O policial será defendido. Se condenado, nós vamos recorrer. Se a sentença for mantida, é um risco que a gente corre. O que me deixa desconfortável é ver bandido com fuzil na rua - disse Witzel.

Ele também pediu levantamento de quantos policiais tem na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) para saber quais policiais estão qualificados para abater criminosos de fuzil, e afirmou que vai liberar que esse tipo de disparo seja feito a partir de helicópteros.

Witzel também falou que pretende manter as tropas do Exército no estado por mais dez meses mesmo após o fim da Intervenção Federal na Segurança - que termina em 31 de dezembro deste ano. Ele afirmou que o objetivo de pedir a manutenção de decreto de Garantia da Lei e da Ordem seria ganhar tempo para treinar os policiais do estado:

- O governador Luiz Fernando Pezão me disse que está convocando PMs concursados. Preciso que essas tropas permaneçam garantindo a lei e a ordem, mesmo depois da intervenção, porque será necessário um tempo para que esses novos policiais passem por treinamento.

O governador eleito confirmou ainda que vai extinguir a Secretaria de Segurança e dar status de secretarias para a Polícia  Militar e a Polícia Civil. O projeto era uma de suas  principais prospostas de campanha.

Uso do legado da intervenção

Mais cedo, em entrevista à Record, ele citou outras propostas suas para a Segurança Pública. Disse que pretende aumentar o efetivo do Bope, preparar mais atiradores de elite e "aproveitar o legado da intervenção", no que se refere aos equipamentos, como fuzis, pistolas e viaturas recebidos, e treinamento.

Witzel falou também sobre a proposta de investir no rastreamento da lavagem de dinheiro para se identificar financiadores do crime organizado:

- Vamos trabalhar para a policia ser reequipada, e investigar quem são os financiadores do crime, quem está trazendo munição, droga, arma. Há um conceito de segurança publica, que vem sendo passado de governo a governo, que é a de pôr mais policiais nas ruas.  Isso acaba tendo um efeito reflexo que é o crime organizado colocar mais gente para enfrentar a polícia. Aí criam-se áreas conflagradas maiores, mas não se investiga a lavagem de dinheiro para prender os executivos do crime. Lava-jato foi um exemplo de desmantelamento de quadrilha de desvio de dinheiro publico, é o mesmo padrão de trabalho. Vamos dar independência para a Civil investigar a lavagem de dinheiro.