Mais de um terço (36%) dos trabalhadores brasileiros já sofreram alguma discriminação no ambiente de trabalho relacionada à orientação política, e mais da metade (55%) dos profissionais dizem já ter presenciado cenas de preconceito relacionado ao tema.
Os dados são de uma pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
Os resultados mostram que o bullying por posicionamento político cresceu nas últimas décadas e que, em paralelo, houve diminuição das discriminações racial ou por orientação sexual.
Segundo a pesquisa, isso se deve a essas condutas terem sido tornadas crimes, nas últimas décadas, por leis ou decisões do Judiciário.
Ainda assim, 49% dos trabalhadores entrevistados dizem terem presenciado discriminação com relação à orientação sexual, e 30% ainda relatam terem testemunhado preconceito racial, ambos os casos nos empregos atuais.
Para Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje, os números revelam mais o momento do país do que propriamente o clima organizacional das empresas.
“Apesar de entendermos que estamos vivendo um momento intenso de polarização política, é preciso que líderes e gestores fiquem atentos para que eventuais conflitos não se tornem crônicos e contaminem a organização como um todo”, enfatiza.
Segundo o executivo, além da criminalização da conduta, o principal fator de redução do preconceito racial foi a implantação de programas em favor da diversidade pelas empresas, e medidas recentes pela tolerância de orientação sexual e gênero tendem a fazer cair também essa forma de discriminação.
Outros elementos que inspiram preconceitos em ambiente de trabalho são a idade, citada por 29% dos entrevistados, e a altura e o peso, mencionados por 24%.
Por outro lado, quase 90% dos entrevistados diz nunca ter sofrido qualquer tipo de discriminação no emprego atual.
E 57% dos profissionais ouvidos dizem acreditar que a diversidade e a inclusão foram ampliadas ou se tornaram mais evidentes nas empresas ou entidades em que trabalham.
O levantamento ouviu quase 300 profissionais de organizações em todo o país, a maior parte delas (68%) da iniciativa privada.
Entre as empresas, participaram do estudo 124 corporações que, segundo a Aberje, figuraram entre as maiores do país, totalizando um faturamento global de R$ 1,24 trilhão, equivalente a 18,3% do PIB brasileiro em 2018.
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