18/11/2015 21h46 - Atualizado em 18/11/2015 21h46

Doenças tropicais são monitoradas na fronteira entre AP e Guiana Francesa

Malária, dengue, chikungunya e outras doenças serão observadas em projeto.
Sítio Sentinela iniciou estudos nesta segunda-feira (16), em Macapá.

Fabiana FigueiredoDo G1 AP

Travessia entre Amapá e Guiana Francesa acontece por embarcações pequenas (Foto: Abinoan Santiago/G1)Doenças vetoriais na fronteira entre Amapá e
Guiana Francesa são monitoradas
(Foto: Abinoan Santiago/G1)

A fronteira do Brasil com a Guiana Francesa será monitorada por um programa que pretende observar as atividades e propagação de doenças tropicais na região amazônica. A malária é a primeira enfermidade que começou a ser estudada na implantação do projeto "Sítio Sentinela" que iniciou na segunda-feira (16).

“Esse projeto é focado nas informações de saúde, em doenças vetoriais que têm forte relação com o clima. Vamos iniciar com a malária, porque o banco de dados já está consolidado. Essas informações serão disponibilizadas em um portal da internet para a população em geral, gestores e pesquisadores”, explicou a coordenadora do Sítio Sentinela, Margarete Gomes.

Segundo a coordenadora ainda serão estudadas doenças como dengue, chikungunya e zika. O projeto, criado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá (Lacen), venceu um edital franco brasileiro. O Sítio agora faz parte do Observatório Nacional de Clima e Saúde na Fronteira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Novas tecnologias e métodos serão utilizados para monitorar as enfermidades na fronteira. Segundo o chefe do observatório nacional, um equipamento deve monitorar a umidade do solo na região. Outro método é tentar melhorar a coleta de informações do Ministério da Saúde.

Clima do solo deve ser observado entre AP e Guiana Francesa (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)Clima do solo deve ser observado entre AP e
Guiana Francesa (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

“Queremos descentralizar a vigilância. Existem alguns dados [do Ministério] da Saúde que vêm dos Centros de Vigilância que são os dados oficiais. Mas a gente quer trabalhar com dados que vêm da população, de uma enfermeira, que identifica um sintoma, por exemplo. Mesmo que o sistema não fale isso, precisamos transmitir essa informação rapidamente. Pode ser um boato, mas ele é importante”, explicou o pesquisador e chefe do observatório, Christovam Barcellos.

Na segunda-feira (16), representantes dos observatórios nacional e estadual, além de agentes da Coordenadoria de Vigilância em Saúde do estado (CVS) e pesquisadores se reuniram em Macapá para estruturar como será o estudo da malária na fronteira entre Amapá e a Guiana Francesa. Segundo Barcellos, a pesquisa é estratégica porque é por onde muitas doenças vetoriais são importadas.

Christovam Barcellos, chefe do Observatório de Clima e Saúde na Fronteira (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)Christovam Barcellos, chefe do Observatório de
Clima e Saúde (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

“A região de fronteira é uma oportunidade de observar o que está acontecendo com essas doenças todas. O chikungunya entrou pelo Caribe. [...] Provavelmente a zika deve ser exportada. Agora estamos reconhecendo que [a fronteira] é um lugar de passagem muito importante, que está sempre em transformação”, falou o pesquisador.

Em julho de 2014, um menino de 13 anos foi diagnosticado a primeira infecção de chikungunya no país, em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. Em setembro do mesmo ano, dois casos foram confirmados como transmissão interna no município de fronteira. Um ano depois, mais de 2,8 mil pessoas haviam sido infectadas e diagnosticadas com o vírus no Amapá.

O Amapá registrou mais de oito mil casos de malária somente entre janeiro e outubro de 2015, segundo dados do Ministério da Saúde.