Brasil

Trump levará posição brasileira ao G7

Segundo fontes do governo brasileiro, Brasil também conta com o apoio de Japão, Reino Unido e Itália
Presidente americano, Donald Trump, disse que relação com Bolsonaro é "mais sólida do que antes" Foto: NICHOLAS KAMM / AFP
Presidente americano, Donald Trump, disse que relação com Bolsonaro é "mais sólida do que antes" Foto: NICHOLAS KAMM / AFP

BRASÍLIA — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , ofereceu-se para levar a posição brasileira à reunião do G7, convocada pelo presidente da França, Emmanuel Macron , para discutir os incêndios florestais na Amazônia.

Segundo uma alta fonte no governo do presidente Jair Bolsonaro , o Brasil conta ainda com o apoio de Reino Unido, Itália e Japão, que fazem parte do G7, além de Espanha, Chile Argentina e Peru.

Ainda integram o G7, que se reunirá de sábado a segunda-feira em Biarritz (Sudoeste da França), Alemanha e Canadá. A União Europeia também está representada, e autoridades da Espanha e do Chile estarão presentes na reunião como convidados.

ANÁLISE: Bolsonaro modera o tom em pronunciamento e evita críticas a ONGs e governos europeus

No fim da tarde desta sexta, Trump se manifestou sobre as queimadas na Amazônia . Afirmou estar pronto para ajudar a conter os incêndios e comentou ter conversado com Jair Bolsonaro por telefone. Em meio às ameaças feitas por alguns países europeus de adotarem barreiras comerciais contra o Brasil, por causa das queimadas e da política ambiental brasileira, o presidente americano ressaltou que as "perspectivas de comércio são muito animadoras" para Brasil e EUA.

— Houve uma convergência. Os dois lados manifestaram interesse em conversar quase que simultaneamente, mas foi a Casa Branca quem ligou primeiro — informou outra fonte próxima ao governo Bolsonaro. — A conversa não foi apenas sobre Amazônia ou meio ambiente, mas evidentemente falaram também sobre isso, com a perspectiva de cooperar na reação a problemas ambientais e também estabelecer uma política ambiental que respeite a soberania dos países.

A oferta americana teria saído desse diálogo entre os dois presidentes.

— Boa parte da conversa foi dedicada a discutir a situação política da América do Sul e mecanismos para aprofundar os laços entre os dois países, inclusive um acordo comercial abrangente. Eles concordaram em dizer que iniciaram conversas para lançar negociações comerciais, concordaram em se coordenar em questões ambientais e globais de modo geral com uma abordagem soberanista e anti-globalista — contou o interlocutor.

Fogo na Amazônia: Entenda como a crise com as queimadas pode afetar a economia brasileira

No início da noite, em pronunciamento em cadeia nacional, Bolsonaro sinalizou que poderia contar com um membro do G7 em nome do Brasil, sem revelar o nome: "Outros países se solidarizaram com o Brasil. Ofereceram meios para combater as queimadas, bem como se prontificaram a levar a posição brasileira junto ao G7", disse.

A convocação da reunião por Macron, feita na última quinta-feira, irritou o governo brasileiro. Em uma rede social, o líder francês escreveu: "Nossa casa está pegando fogo. Literalmente. A floresta amazônica — o pulmão que produz 20% do nosso oxigênio — está em chamas. É uma crise internacional".

— Os EUA também se comprometeram a responder que a Amazônia só deve ser discutida com a presença e a participação ativa do Brasil, caso Macron aborde o assunto no G7 — disse a fonte.

Bolsonaro reagiu, chamando Macron de colonialista e acusando o presidente francês de publicar uma foto falsa na internet. Nesta sexta-feira, porém, o presidente brasileiro recebeu como troco uma declaração em um tom raro no meio diplomático. Foi acusado de mentiroso pelo presidente da França. Bolsonaro retrucou que o francês quer instrumentalizar uma questão interna do Brasil para fins pessoais.

Discretamente, outro país que demonstrou, nesta sexta-feira, empatia em relação ao Brasil foi a China. O número dois da embaixada chinesa em Brasília, Qu Yuhui, elogiou a política ambiental brasileira e disse que seu país teria interesse em negociar um acordo de livre comércio com os brasileiros.