Por Nadyenka Castro, G1 MS


PF utilizou barco para cumprir alguns mandados da operação que investiga o crime ambiental em MS — Foto: PF/Divulgação

Quatro fazendeiros são investigados pela Polícia Federal (PF) pelas queimadas que destruíram 33 mil hectares do Pantanal de Mato Grosso do Sul, na região da Serra do Amolar, em Corumbá. Nenhum foi preso por conta dessa investigação.

Essas queimadas foram o foco da operação Maitáá, deflagrada na segunda-feira (14) pela unidade. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, um dos fazendeiros foi preso em flagrante, por posse irregular de arma de fogo e munições.

Segundo o delegado responsável pela investigação, Alan Givigi, cada um dos produtores rurais é dono de uma fazenda onde foi verificado início do fogo que destruiu parte da área de preservação ambiental do Pantanal, na divisa com o Mato Grosso. "São 5 fazendas, cada um com um dono diferente", disse.

A suspeita dos policiais é que os produtores rurais tenham colocado fogo em vegetação nativa para transformá-la em pastagem para criação de gado. "Você extrai a mata nativa, e aí fica a pastagem para o gado", fala o delegado.

Conforme a PF, os suspeitos de colocarem fogo na região poderão responder pelos crimes de dano a floresta de preservação permanente, dano direto e indireto a unidades de conservação, incêndio e poluição (Art. 54, da Lei no 9.605/98), cujas penas somadas podem ultrapassar 15 anos de prisão.

Incêndio destrói Serra do Amolar, em Corumbá. — Foto: Reprodução/TV Morena

Operação Maitáá

A operação é resultado de investigações que começaram em junho deste ano, conforme Alan Givigi, com análises de imagens de satélites. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, sendo 6 em fazendas de Corumbá, dois na cidade e outros dois em Campo Grande.

De acordo com o delegado, nas cidades foram apreendidos documentos e celulares, e ainda armas na casa de um alvo. Nas propriedades rurais foram feitas perícias e ouvidos funcionários. Ninguém foi preso pelas queimadas.

A operação foi denominada Matáá, que significa fogo no idioma guató, é em referência aos índios pantaneiros Guatós que vivem nas proximidades das áreas atingidas.

Fogo já destruiu extensa área de vegetação nativa na região da Serra do Amolar, em Mato Grosso do Sul — Foto: IHP/DIvulgação

Queimadas

Desde o início do ano, o Pantanal sofre com queimadas. Dados do Prevfogo, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama, em 2020 mostram que a área queimada no Pantanal já passa de 2,916 milhões de hectares, sendo 1,742 milhão em Mato Grosso e mais de 1,165 milhão em Mato Grosso do Sul.

Para ajudar a combater os incêndios no Pantanal Sul e ainda no Parque Estadual das Nascentes do Taquari, 32 bombeiros do Paraná chegaram ao estado. Eles vão para as duas frente de trabalho nesta quarta-feira (15). O reforço já integra as ações da situação emergencial.

O Parque Estadual das Nascentes do Taquari fica na divisa com o Mato Grosso e Goiás, em Costa Rica e Alcinópolis. É o início do Pantanal em Mato Grosso do Sul e também tem pontos de cerrado. Lá o fogo começou no primeiro fim de semana de setembro e, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de onde o Ibama retira dados, já foram queimados na região 15 mil hectares, o que equivale a 49% da área de preservação.

"É bem crítica a situação do nosso estado", resumiu o coordenador-geral de Defesa Civil em Mato Grosso do Sul, Fábio Catarinelli.

Incêndios no Pantanal

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