Por G1


O presidente boliviano Evo Morales acena para apoiadores no palácio presidencial, em La Paz, após o término da eleição, no domingo (20) — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quarta-feira (22) que as paralisações na Bolívia têm motivações políticas e que configuram um golpe de estado.

Foi o primeiro pronunciamento público de Morales desde o início da contagem de votos, que foi interrompida e implicou um impasse: com mais de 95% dos votos apurados, não se sabe ainda se haverá um segundo turno entre ele e o opositor Carlos Mesa.

"Não há motivo para uma paralisação. Claro, é uma paralisação política, uma paralisação para um golpe de estado, [essa] é a razão. Eu entendo paralisações e greves com uma reivindicação, social, econômica, entendo perfeitamente. Essa paralisação é só, primeiro, política, um golpe de estado e sobretudo para prejudicar economicamente o departamento (a unidade federativa) e a Bolívia."

O presidente afirmou que o país está em estado de emergência e "em mobilização pacífica, constitucional e permanente" em uma rede social.

Milhares de pessoas foram para as ruas de diversas cidades da Bolívia na noite da segunda-feira (22) para protestar.

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Apoiadores de Carlos Mesa denunciam uma suposta fraude nas apurações. Houve relatos de confrontos em Sucre, Oruro, Cochabamba e La Paz, entre outras cidades.

Manifestantes protestam contra a divulgação de resultados antecipados que diziam que Evo Morales teria ganhado em primeiro turno as eleições presidenciais na Bolívia, em La Paz, na terça-feira (22) — Foto: Reuters/David Mercado

O impasse eleitoral

Dois métodos diferentes de contagem foram adotados no país: o preliminar, mais rápido, e o voto a voto, mais lento.

Em determinado momento já no domingo (20), os dois começaram a mostrar resultados muito divergentes, o que gerou protestos e acusações de fraude.

O Tribunal Supremo Eleitoral, então, suspendeu a publicação dos números do sistema preliminar (conhecido como TREP).

Quando a contagem rápida foi suspensa, o TREP havia contabilizado 84% dos votos válidos e dava 45,28% para o presidente Evo Morales, contra 38%,16 para Carlos Mesa, o que quase garantia um segundo turno.

Mas após uma inexplicável paralisação de 20 horas, na noite de segunda-feira (21), a apuração mostrou uma mudança radical, com a eleição de Morales no primeiro turno.

Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

A situação colocou sob suspeita o TSE e a missão de observadores da OEA pediu explicações ao órgão eleitoral.

95% apurados

A atualização dos dados do TREP foi novamente interrompida por volta das 22h45 de segunda-feira (horário de Brasília), com 95.63% dos votos apurados. Nesse cenário, Morales aparece com 46,4% e Mesa com 37,07%. Os números permaneciam inalterados na terça-feira.

Já o site oficial do Órgão Eleitoral Plurinacional que mostra a contagem voto a voto aponta 95.44% dos votos apurados às 22h20 desta terça (horário de Brasília), com 45,87% para Evo Morales e 37,52% para Carlos Mesa, o que indicaria que a eleição se encaminha para um segundo turno, em 15 de dezembro.

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