Rio

Extrema pobreza aumentou 47% entre 2014 e 2018 e atinge 652 mil pessoas no Rio

Nos últimos cinco anos, 208 mil habitantes, mais que a população de Nova Friburgo, entraram nessa condição, segundo o IBGE, e vivem com menos de R$150 por mês
Emanuelle, de 3 anos, é filha de Rosemeire Xavier da Silva; a família vive na beira da linha do trem, no Centro de Japeri Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Emanuelle, de 3 anos, é filha de Rosemeire Xavier da Silva; a família vive na beira da linha do trem, no Centro de Japeri Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Onde falta quase tudo, o almoço, quando tem, pode ser arroz com feijão puro. Essa é a rotina no casebre de Belford Roxo onde mora Aparecida Matias. Raramente ela põe no fogo o que chama de “misturinha”, um pedaço de pelanca que pede no mercado ou outra carne que ganhe dos vizinhos. Em Bangu, Alessandra Alves também se deita preocupada com o que vai comer no dia seguinte. Na única refeição da quarta-feira passada, nem feijão tinha, só arroz com pão. As duas compartilham o medo da fome e de outras tantas ameaças que rondam cerca de 652,4 mil pessoas em situação de extrema pobreza no Rio — um aumento de 47,07% em relação a cinco anos atrás.

Entre 2014 e 2018, pelo menos 208,8 mil habitantes do estado — mais que toda a população de uma cidade do porte de Nova Friburgo — caíram na miséria, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, divulgados este mês. São pessoas que se viram com menos de R$ 150 por mês (ou US$ 1,90 por dia, conforme critério utilizado pela pesquisa). E, em meio a penúrias de um estado em processo de recuperação fiscal, enfrentam o desemprego e a dependência de programas sociais.

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Alessandra, o marido Edinei da Silva e três filhos vivem essa aflição. Eles dividem R$ 108 mensais do Bolsa Família e o pouco de dinheiro que conseguem catando latinha e vendendo balas no acesso à Favela Vila Aliança. Há cerca de um ano e meio, Edinei perdeu o emprego de auxiliar de serviços gerais, com carteira assinada e um salário mínimo, e a sobrevivência se tornou quase um malabarismo.

— Não sobra nem o dinheiro da passagem para procurar trabalho. Sequer lembro a última vez que cozinhei carne em casa. A geladeira e o armário estão vazios — diz Alessandra.

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