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Política Eleições 2022

Candidatos a governador pelo PDT pressionam partido para receber Lula no palanque

Movimento predomina no Nordeste. Presidente da sigla admite não poder ‘botar camisa de força’ nas realidades locais
Ao Planalto. Ciro está decidido a manter candidatura, apesar das possíveis dissidências que enfrentará no PDT Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS / 21/01/2021
Ao Planalto. Ciro está decidido a manter candidatura, apesar das possíveis dissidências que enfrentará no PDT Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS / 21/01/2021

BRASÍLIA — A estagnação de Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, nas pesquisas de intenção de voto tem provocado um movimento de postulantes da sigla aos governos estaduais, que já pressionam o partido para a formação de palanques duplos. Com ao menos nove pré-candidatos a governadores — a maioria no Nordeste —, a legenda conversa com aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos principais alvos do ex-ministro, dando margem para que pedetistas endossem a campanha do petista ao Palácio do Planalto.

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De acordo com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, cada estado tem a sua peculiaridade e, por isso, a sigla não pode “colocar uma camisa de força nas realidades estaduais”. Como pano de fundo para as negociações, porém, há correligionários de Ciro que pressionam para que o ex-ministro abra mão de sua candidatura.

— Em alguns estados terão (palanques duplos) mais à esquerda, outros mais ao centro. Quem colocar uma camisa de força nas realidades estaduais está fadado ao fracasso — afirma Lupi.

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Dos nove estados em que o PDT pretende lançar candidatos (veja ao lado), em seis há negociações com dirigentes do PT. Na Paraíba, há negociações para uma chapa com o ex-governador petista Ricardo Coutinho. No Ceará, base eleitoral de Ciro, o próprio governador Camilo Santana (PT), que deve disputar o Senado, defende a aliança com o PDT, e a sigla deve indicar o nome do postulante ao Palácio da Abolição, sede do Executivo cearense. No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) também já admitiu conversas com Carlos Eduardo.

No Sergipe, embora o senador petista Rogério Carvalho seja apontado como o candidato da sigla ao governo, o pedetista Edvaldo tem mantido contato com dirigentes do PT. No Rio, Rodrigo Neves, que já foi filiado ao partido de Lula, também mantém laços com o diretório estadual do PT e se encontrou no final do ano passado com o ex-presidente.

As tratativas para alianças entre pedetistas e petistas, porém, não necessariamente vão se concretizar em um palanque duplo para Ciro e Lula. Um exemplo disso ocorre no Maranhão, onde o senador Weverton Rocha, líder do PDT no Senado, já informou à legenda que fará campanha ao governo do estado ligando seu nome ao ex-presidente, escanteando Ciro Gomes. O parlamentar, no entanto, disputa o apoio de Lula com o atual vice-governador atual, Carlos Brandão, filiado ao PSDB, mas que deve migrar para o PSB em costura alinhada pelo governador Flávio Dino (PSB).

A colocação de Ciro, atualmente, em quarto lugar nas pesquisas de opinião de voto — atrás de Lula, do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) — também dificulta a consolidação de alianças. Na terça-feira, o Cidadania, que negociava uma federação com o PDT, informou que as conversas não foram para frente.

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Diante disso, pedetistas têm pressionado Ciro para que ele abandone a corrida presidencial se sua candidatura não deslanchar até meados do próximo trimestre. Caso contrário, avaliam líderes da sigla no Congresso, parlamentares podem aproveitar a janela partidária de abril para deixar a legenda.

As deserções no entorno de Ciro já começaram. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a ser apontado como candidato do PDT ao governo no Amapá. Hoje, no entanto, próximo a Lula, o parlamentar é um dos principais empecilhos no partido de Marina Silva para uma possível aliança com Ciro.

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Enquanto alguns diretórios acenam ao PT, em outros estados a busca por palanque duplo é com partidos de centro. Na Bahia, o negocia uma das vagas na chapa do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM). Em Goiás, o PDT vai repetir o apoio ao governador Ronaldo Caiado (DEM). Em Minas, Ciro tem feito acenos ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).