Nascidos na pandemia: a tensão de quem abriu empresa no meio da crise do coronavírus

Nascidos na pandemia: a tensão de quem abriu empresa no meio da crise do coronavírus

Em São Paulo, o ritmo de abertura de empresas caiu 72% do início de abril a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2019. Mas teve empreendedor que enfrentou a crise e começou a trabalhar mesmo com a chegada do novo coronavírus.

Em pleno isolamento social, Ricardo Tahan abriu uma fábrica de pães artesanais em casa. “O planejamento já estava todo feito, não teve como correr para trás”.

Esta não era a proposta inicial do advogado que virou pequeno empresário. Nos últimos meses, ele investiu R$ 70 mil em cursos e equipamentos para abrir a loja. “Eu estava pensando em focar para restaurantes, hotéis, bares. Daí eu falei: vou ter que trabalhar com delivery agora”.

Ricardo passou a fazer divulgação e venda de pães nas redes sociais e no WhatsApp e caiu no gosto dos clientes. “Acho que as pessoas valorizam esse tipo de trabalho artesanal”.

Mesmo em casa, Ricardo não deixa de ser profissional. Toda semana, prevê a demanda com base nas encomendas anteriores. Enquanto prepara um lote de massa, outro está fermentando, num processo natural que demora 24 horas. Ele também inventou um carrinho para levar os pães até a cozinha. Com esse jeito caseiro, ganhou eficiência e está produzindo 120 pães por dia.

Os preços vão de R$ 9 a R$ 23 cada. A produção segue as regras de higiene, uso de máscaras. A entrega é por motoboy contratado. “Tem brioche de goiabada com chocolate branco e lascas de amêndoas que é um sucesso de vendas também”.

Ricardo está lançando também um plano de assinatura. Em junho, o empresário faturou R$ 18 mil. “Agora vou fazer uma promoção com fondue de queijo para o inverno. Estou trazendo o pessoal que vende vinho para parceria. E assim vai”.

Já o venezuelano Jorge Reyes começou o negócio sem um tostão no bolso. Dois anos depois de chegar ao Brasil, ele perdeu o emprego como supervisor de operações em plena pandemia. Pai de três filhos, virou empreendedor.

“Minha esposa e eu tínhamos a responsabilidade de continuar avançando, continuar cumprindo com nossas obrigações familiares, financeiras e tivemos que tomar a decisão de ir em frente”, conta Jorge.

A salvação veio do país natal. Um prato típico amado pela família chamado tequeño – um pastelzinho de 35 gramas e 8 centímetros de comprimento. Na Venezuela, o recheio é de queijo. No Brasil, ele criou os sabores de calabresa, bacon e goiabada.

“Tínhamos que fazer algo para vender, mas não podíamos fazer algo do qual não tivéssemos conhecimento. Então o tequeño, nós sabíamos que era gostoso, delicioso, mas o brasileiro não conhecia”.

Jorge investiu R$ 4 mil no cartão de crédito, em 12 prestações. Comprou cilindro para abrir massa, congelador, matéria-prima e uma bicicleta para entregar.

E como vender sem dinheiro para divulgar o produto? Jorge fez duas coisas: primeiro, criou um concurso ‘dê um tequeño’ para quem comentasse mais nas redes sociais. Com isso, conseguiu um exército de divulgadores. Segundo, fez uma promoção agressiva – durante dez dias, vendeu o tequeño a um real cada (preço de custo). Ele atraiu um monte de gente e foi pro passo seguinte: a fidelização.

Estava tudo indo bem. O empresário faturou mais do que a dívida no primeiro mês. Até que sua bicicleta foi roubada. “Postamos nas redes sociais para tentar achar. O que achamos foi muita solidariedade, muito amor por parte dos brasileiros, porque conseguimos uma bicicleta doada, que está nos ajudando a manter as vendas nesse momento”, fala o venezuelano.

Jorge agora está atrás de um empréstimo para comprar maquinário maior e turbinar a produção. Para ele, abrir uma empresa em maio a uma das maiores crises virou história e um bom negócio. “Eu gosto do medo, porque o medo te ajuda a tomar a previsões necessárias para tomar melhores decisões. O que você tem que fazer é usar esse medo para se planejar, para tomar decisões em função dos melhores caminhos”, finaliza.

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