Por Pedro Martins*, G1 Ribeirão Preto e Franca


Protótipo criado por professor de Batatais (SP) é capaz de desinfetar notas de dinheiro com calor e luz UV — Foto: Carlos Trinca/EPTV

Preocupado com a higiene necessária para se proteger do novo coronavírus, o professor de mecânica Luciano dos Reis, de Batatais (SP), criou um protótipo para desinfetar notas de dinheiro. A proposta é aprimorar a ideia para uso em caixas eletrônicos e estabelecimentos comerciais.

"Quando começou a pandemia, eu vinha pensando sobre o dinheiro. É o maior dos precursores de doenças, porque passa em todo lugar e a gente não tem rastreabilidade de quem pegou", diz.

O equipamento funciona com um sistema de aquecimento, que chega a 98° C, e lâmpadas ultravioletas com poder germicida. Em testes preliminares em um laboratório particular, a tecnologia se mostrou capaz de eliminar bactérias e fungos do papel.

"Como é pequeno e não cabe um número grande de lâmpadas, a gente passa as notas cinco vezes para que aconteça a desinfecção. Demora 18 segundos. Mas, se aumentar a potência da lâmpada, diminuirá o tempo", explica o professor.

Protótipo criado por professor de Batatais (SP) é capaz de desinfetar notas de dinheiro com calor e luz UV — Foto: Carlos Trinca/EPTV

Testes

Os testes foram feitos em um laboratório particular de Batatais. Um biomédico esfregou um cotonete nas notas para coletar todas as substâncias que continham nelas. Depois, semeou os germes em uma cultura à base de sais e proteínas, que funcionam como alimento para os microrganismos.

Antes de as notas passarem pelo protótipo, o material coletado ficou repleto de manchas, o que indicava a proliferação dos fungos e bactérias. Depois do desinfetador, as mesmas notas não eram mais capazes de contaminar as culturas.

Testes para analisar a presença de vírus ainda estão sendo conduzidos. De acordo com o professor, as notas do experimento e o aparelho serão enviados à sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro (RJ), para avaliação ainda em setembro.

O professor explica que o resultado fica pronto em até 40 dias, mas, na visão dele, o Sars CoV-2, vírus causador da Covid-19, não sobrevive ao desinfetador devido à alta temperatura que o protótipo atinge.

"Partindo do pressuposto que as bactérias não sobrevivem, é possível sim que o vírus também não sobreviva. Esse vírus tem uma camada de lipídio, de gordura, e gordura começa a derreter já com 30 graus", explica.

Professor de Batatais (SP) cria equipamento para desinfetar notas de dinheiro — Foto: Luciano dos Reis/Acervo pessoal

Aperfeiçoamento

Luciano agora quer investigar por quanto tempo dura a desinfecção. Ele colocou as notas que passaram pelo protótipo em caixas registradoras de supermercados e está recolhendo o dinheiro para levar ao laboratório do biomédico e realizar novos testes.

O professor diz que já pediu registro de patente da ideia, que custou cerca de R$ 1,3 mil, mas pode ser barateada em uma produção de larga escala. O próximo passo é aperfeiçoar o sistema para diminuir a quantidade de vezes e o tempo que as notas precisam passar pelo desinfetador.

"A gente já sabe os erros e os acertos. Tem que aperfeiçoar para colocar no mercado o quanto antes", diz.

Biomédico de Batatais (SP) semeou culturas para analisar presença de bactérias e fungos em dinheiro — Foto: Luciano dos Reis/Acervo pessoal

Enquanto os testes não ficam prontos, Luciano aproveita para consertar respiradores gratuitamente e produzir máscaras, gorros e aventais para doar a hospitais que atendem pacientes com Covid-19 na região de Ribeirão Preto (SP) e em todo o Brasil.

"O coronavírus é uma lição de vida. Essa pandemia vem para ajudar muitos e modificar muita coisa neste mundo", afirma.

Professor de Batatais produz máscaras especiais contra a Covid-19

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*Sob supervisão de Vinícius Alves

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