Por Fernanda Rouvenat, G1 Rio


Reitoria da UFRJ anuncia reabertura do Museu Nacional em 2022

Reitoria da UFRJ anuncia reabertura do Museu Nacional em 2022

A direção do Museu Nacional espera reabrir parte do prédio em 2022, para a comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. A expectativa é que as obras de reconstrução da fachada do prédio histórico comece ainda em setembro.

As informações foram apresentadas na manhã desta quarta-feira (28) pela reitoria da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e pela direção do Museu Nacional. Os dois órgãos detalharam o processo de reconstrução do acervo que pegou fogo no dia 2 de setembro de 2018.

O Ministério da Educação destinou R$ 11 milhões ao Museu Nacional. Desse total, R$ 8,9 milhões foram utilizados nas obras de emergência para a recuperação do prédio – escoramento de paredes, cobertura provisória e instalação de contêineres utilizados no armazenamento de peças resgatadas.

Outros R$ 908,8 mil serão utilizados na elaboração de projeto de reconstrução da fachada e do telhado definitivo.

Além disso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) vai gerir mais R$ 5 milhões - essa verba será utilizada na elaboração de dois projetos: um para a reconstrução interna do palácio e outro para novas exposições.

A diferença de R$ 1,1 milhão será utilizada na compra de mais contêineres.

Recentemente, a Unesco lançou edital para a contratação de empresa especializada para elaborar o novo projeto de reconstrução.

A empresa vencedora do projeto deverá iniciar os trabalho ainda em setembro e o período de execução será de 70 dias.

Outras etapas estão programadas, com a contratação dos projetos de Museologia e Museografia e a elaboração de projetos básicos para restauração e reforma de elementos integrantes do palácio, como os Jardins das Princesas, o terraço e o Anexo Alípio Miranda.

Outros R$ 10 milhões, repassados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, serão aplicados na compra de equipamentos para pesquisa científica em ações de infraestrutura.

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, e o diretor do museu, Alexander Kellner, falaram sobre as doações recebidas pela instituição no último ano, sobre as obras realizadas e também sobre o conceito do novo Museu Nacional que será construído.

Até o momento, a administração do museu conta com R$ 68 milhões para fazer as obras.

Doações

Sobre a reconstrução da estrutura física dos laboratórios do Museu, O diretor do museu, Alexander Kellner anunciou que um terreno de 44 mil metros quadrados foi doado pelo Governo Federal para ser o futuro Campus Cavalariças.

No local, a instituição pretende colocar laboratórios e a parte administrativa do Museu. Alem disso, também esperam construir um Centro Educacional. Apesar de ter o espaço, o diretor do museu disse que não há verba para a construção do centro.

“É fundamental que o Museu Nacional consiga voltar a operar, consiga fazer as suas exposições. Nesse Centro Educacional, se a gente tiver o financiamento, a gente pretende fazer em seis a oito meses. É só uma questão financeira”, destacou Kellner.

Segundo ele, representantes do Museu do Louvre, em Paris, o procuraram e demonstraram interesse em vir para o Brasil conversar sobre doações.

Orçamento e verba

A verba emergencial enviada pelo Ministério da Educação de R$ 11 milhões permitiu que fosse feito um teto provisório no palácio, o reforço estrutural e o trabalho de salvamento e resgate de peças.

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, ressaltou que a instituição pretender garantir a reconstrução dos laboratórios no novo espaço que deve ser construído (Campus da Cavalariça).

Ao falar sobre a ajuda que a instituição esta recebendo de todas as partes, Kellner aproveitou para convidar o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros para visitarem o Museu Nacional e ver de perto o trabalho de reconstrução.

“O Museu Nacional tem que virar a página porque agora, querendo ou não, somos uma excepcional oportunidade de mostrar para o mundo que podemos fazer diferente. A reconstrução do museu é uma necessidade do nosso País e não vamos conseguir fazer isso sem ajuda interna e externa”.

“O Louvre se prontificou a nos emprestar uma coleção egípcia por uma década”, disse o diretor.

Críticas

O maior problema enfrentado pelo Museu Nacional, atualmente, de acordo com Kellner, é a burocracia.

“A burocracia é um monstro. Já chegaram até a me perguntar se eu tinha algum documento que comprovasse o incêndio do museu”, exemplificou Kellner.

O diretor lembrou um dos problemas durante o o incendio: os hidrantes inoperantes ao redor do palácio. Segundo ele, hoje, os instrumentos de combate a incêndio ainda não funcionam.

“Eu peço que o governo comece a prestar mais atenção para as suas instituições culturais e científicas. Estamos insistindo nesse assunto de doação de material original, mas como vou convencer meus colegas de fora do Brasil a doarem depois de uma tragédia como esta? Nós precisamos reconstruir o palácio com as melhores normas de segurança para as pessoas e para as coleções”.

“O presidente do Museu de História Natural de Paris falou comigo que criaram uma comissão para ver como poderia ajudar o Museu Nacional. Disseram que vão doar material natural. Também recebemos ajuda da Unesco, que veio aqui e nos ajudou a pensar como a gente deveria atuar na questão do resgate e outros assuntos; aqui no Brasil também recebemos ajuda da Fiocruz, do Museu de Ciências da Terra e do Ibram”, disse o diretor.

Quase um ano após a tragédia, quase metade das doações ao Museu Nacional veio da Alemanha. De cada R$ 10 doados para a reconstrução da instituição, R$ 4,27 vieram do governo alemão.

A Itália é outro país que colabora com a recuperação do acervo. A colaboração com o Brasil inclui desde o trabalho técnico até o empréstimo de cerca de 2 mil peças.

Atualmente, o Museu já tem um teto provisório, feito com um material metálico. A nova cobertura irá garantir o trabalho de reforço nas paredes do prédio, e também na construção do teto definitivo.

Eventos

No próximo sábado (31), o Museu Nacional fará um evento para a bancada do Estado do Rio no Congresso Nacional. Será uma forma de prestar contas e agradecer pela liberação da emenda impositiva de R$ 55 milhões.

Além disso, no na próxima segunda-feira (2), data que marca um ano do incêndio, uma outra exposição será realizada na Caixa Cultural, no Centro.

Incêndio começou em ar-condicionado

Museu Nacional — Foto: GloboNews

Em abril deste ano, a Polícia Federal concluiu que o incêndio que destruiu o Museu Nacional teve início em um dos aparelhos de ar-condicionado localizados no auditório térreo do prédio de três andares.

O fogo começou por volta das 19h30 do domingo, 2 de setembro, e só foi controlado no fim da madrugada de segunda-feira (3). Mas pequenos focos de fogo seguiam queimando partes das instalações da instituição que completou 200 anos em 2018 e foi residência de um rei e dois imperadores.

A maior parte do acervo, de cerca de 20 milhões de itens, foi totalmente destruída. Fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte viraram cinzas. Pedaços de documentos queimados foram parar em vários bairros da cidade.

Segundo a administração do museu, 46% das coleções científicas foram totalmente ou quase totalmente destruídas, 35 % passam por processo de resgate e 19% não foram atingidas pelo incêndio.

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