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Estatístico recordista na supervisão de pesquisas eleitorais será investigado por conselho da categoria

Augusto Rocha supervisionou 937 levantamentos na campanha; Justiça Eleitoral viu desequilíbrio em questionário
Recordista na supervisão de pesquisas eleitorais em 2020, o estatístico Augusto da Silva Rocha será investigado pelo Conselho Federal da categoria Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo 15/10/2018
Recordista na supervisão de pesquisas eleitorais em 2020, o estatístico Augusto da Silva Rocha será investigado pelo Conselho Federal da categoria Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo 15/10/2018

RIO — Recordista na supervisão de pesquisas eleitorais em 2020, o estatístico Augusto da Silva Rocha será investigado pelo Conselho Federal da categoria em função do número de levantamentos que já coordenou nesta campanha — foram 937 —, a maioria financiada pelos próprios institutos. Fontes disseram ao GLOBO que, diante das suspeitas de irregularidades, um procedimento interno vai ser aberto.

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Rocha trabalhou para 72 institutos. Um deles é o Publi. QC, que o contratou para a realização de 113 pesquisas. Em outro caso, envolvendo a Sudoeste Comunicação e Pesquisas, um candidato em Barra do Choça, na Bahia, acionou a Justiça eleitoral alegando que o questionário era “tendencioso” e tinha o objetivo de “manipular o eleitor”. Ao barrar a divulgação do levantamento, a juíza Lázara de Oliveira Figueira afirmou que Rocha foi julgado por não ter registro regular no Conselho Regional de Estatística da 5ª Região, que compreende a Bahia:

“Essa situação, por si, é suficiente para conceituar de irregular a pesquisa (...) O resultado aferido, nesse quesito, pode ser instrumento relevante e perigoso para influenciar psicologicamente o eleitorado, desequilibrando o certame”, escreveu a magistrada.

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Outra ação foi movida pelo diretório do Podemos em Olímpia (SP), que defende a proibição da divulgação de uma pesquisa supervisionada pelo estatístico em função de perguntas que teriam sido apresentadas de forma enviesada — o caso ainda não foi julgado.

— Quando você registra uma pesquisa em determinada localidade, já vem um questionamento da Justiça. Às vezes, você escreve uma vírgula errada, e o advogado diz que a pesquisa é fraudulenta. O ser humano erra também. A pessoa já está envolvida politicamente, por isso o advogado já pede a impugnação e fala mal do técnico — afirmou Rocha.

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O estatístico diz que conta com uma equipe de cinco pessoas para dar conta do número alto de pesquisas que supervisiona:

— Eu sou responsável pela parte técnica e estatística. Montamos o plano amostral de acordo com as regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), definimos a amostra... Eu não me envolvo na parte comercial e não faço ideia de como essa pesquisa será tratada pelos institutos.

Para o presidente do Conselho Regional de Estatística da 4ª Região, Gabriel Lopes, a produção de Rocha é completamente “irreal”:

— Ele vem desempenhando um trabalho que é inverossímil, não condiz com a realidade. Nesse período (de campanha), fez mais de 920 pesquisas. Teve momentos em que ele registrou 84 pesquisas (de uma vez). Isso não é humanamente possível, porque há a necessidade de verificar dados e toda a consistência que a legislação pede.