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Por Sérgio Tauhata — De São Paulo


David, da MAG: pandemia só acelerou tendência de expansão do seguro de vida — Foto: Leo Pinheiro/Valor
David, da MAG: pandemia só acelerou tendência de expansão do seguro de vida — Foto: Leo Pinheiro/Valor

A pandemia trouxe à tona a consciência de que os riscos estão próximos e por toda a parte. E essa percepção de vulnerabilidade tem levado uma parcela cada vez maior de brasileiros a buscar um seguro de vida. Em 2020, as contratações individuais do produto cresceram 26,2% em termos de prêmios pagos, em relação ao ano anterior, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). No primeiro bimestre de 2021, o ritmo de crescimento se manteve com avanço de 24,9% ante o mesmo período de 2020.

O segmento de vida em grupo, do qual fazem parte os produtos oferecidos pelas empresas aos funcionários, também apresentou crescimento de 3,6% em prêmios ainda que a economia tenha retraído 4,1% no ano passado. Como se trata de benefício corporativo, a demanda está mais ligada ao desempenho econômico do que ao comportamento individual.

Na mesma toada, outro produto ligado aos riscos pessoais, o auxílio funeral, registrou alta de 26,58% nos dois primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2020. Já o seguro de doenças graves/terminais, segundo a Fenaprevi, avançou 19,14% no período.

Em termos de alcance, o ramo auto ainda é líder no mercado como um todo, com pouco mais de 30% da frota segurada. “Mas, diante das mudanças, o seguro de vida tem potencial para alcançar o patamar do auto”, avalia a superintendente da área de seguro de pessoas da Brasilseg, Karina Massimoto. No caso do produto vida, o percentual de produtos contratados em relação ao público total alcança 15%, segundo levantamento do Ibope em conjunto com a seguradora Prudential. A média global, conforme o estudo, é de 32%.

Na avaliação da presidente da Comissão de Riscos da FenaPrevi, Ana Flavia Ribeiro Ferraz, o próprio cenário de incertezas, que vão da saúde à economia, “aumenta a percepção da necessidade de cobertura, principalmente de seguro de vida”. Visão semelhante é expressada pelo CEO da Icatu, Luciano Snel. “Agora as pessoas também já começam a perceber o seguro de vida como um investimento para o longo prazo”, avalia. Antes da pandemia, “a previdência tinha se tornado um produto de primeira necessidade aos brasileiros, mas faltava vir junto o ramo de vida”.

Conforme Snel, “as pessoas começaram a ver como a vida é frágil e quebrou-se o tabu de se falar sobre a morte”. O sofrimento com o isolamento e a crise sanitária fez com que “as conexões afetivas ficassem ainda mais fortes”.

A dirigente da Fenaprevi explica que esse sentimento tem se mostrado mais amplo e atinge todas as faixas etárias. “Uma tendência interessante para a indústria é que a busca por seguros de vida tem se mostrado mais forte numa população mais jovem.”

De acordo com Ana Flavia, a busca por seguro de vida entre pessoas de 18 a 34 anos saltou de 7% antes da pandemia para os atuais 31%. “É uma tendência bem importante para o setor.”

A necessidade tem sido maior do nunca. Sob impacto da covid-19 houve um crescimento ainda mais forte do volume de indenizações a serem pagas pelas seguradoras comparado ao avanço das receitas. O seguro de vida individual acusou uma alta de 43% nos sinistros em 2020 na comparação com 2019, conforme os números da FenaPrevi, de R$ 524 milhões para R$ 749 milhões. Já o vida em grupo teve um aumento de 17,10% no período, saindo de R$ 5,3 bilhões para R$ 6,2 bilhões. No agregado, os seguros de vida acumularam um volume de indenizações de R$ 6,94 bilhões no ano passado, uma alta de 19,45% em relação a 2019, segundo a FenaPrevi.

O aumento da demanda pelo seguro de vida diante de uma maior conscientização das pessoas sobre a proteção financeira aos familiares veio para ficar, na visão da superintendente da Brasilseg. “A questão da pandemia sensibilizou a população”, diz. “Acredito que essa maior sensibilidade [à necessidade de proteção] vai permanecer [mesmo após a pandemia]”, acrescenta.

Segundo Karina, a seguradora da BB Seguridade verificou um crescimento de 21% na procura por seguro de vida no período da pandemia. Na visão da superintendente da Brasilseg, “as pessoas mais jovens e os solteiros começam a olhar mais para esse tipo de cobertura, porque percebe que a falta delas seja pela morte ou invalidez vai deixar um vazio aos familiares que são ajudados financeiramente, como pais e outros entes”.

O executivo-chefe de Marketing (CMO) da MAG, Nuno David, enxerga a expansão do mercado de vida como estrutural. De acordo com o executivo, a pandemia acelerou tendência que tem na base a própria ampliação da classe média brasileira nos últimos 20 anos.

David afirma que, nas últimas duas décadas, a classe média do país saltou de 16 milhões de pessoas para mais de 100 milhões, em um movimento gradual disseminado ao longo desses 20 anos. “Isso significa que existem famílias que garantiram patrimônio e outras que ainda estão na fase de construção desse suporte”, diz. “Então, conforme as pessoas conseguem ter uma residência, guardar dinheiro e montar uma estrutura que assegure o conforto da família passam a ter novas demandas. Nessa fase, começam a perceber a necessidade de proteger a família.”

Para David, “a pandemia a um custo dramático acelerou todo esse processo”. O CMO da MAG pondera que a demanda pode ter aumentado, mas já era algo estrutural. O executivo lembra que, em termos absolutos, o volume de prêmios arrecadados com os seguros de pessoas, dos quais o principal é o vida, já ultrapassou o de automóveis desde 2017. “Essa diferença tem crescido ano a ano”, pontua o especialista.

A pandemia também acelerou outra tendência relacionada ao produto. Os seguros de vida atualmente vão muito além das proteções por morte e invalidez. A maioria das grandes companhias do setor adotou o conceito de uso em vida, ou seja, de agregar benefícios que podem ser usufruídos pelos usuários durante a vigência da apólice.

Os serviços vão de teleconsultas para checkup a assistência aos animais de estimação. O seguro de vida da MAG, por exemplo, inclui cobertura para doenças graves. Essa proteção paga uma indenização que pode ser usada para custear parte do tratamento, caso o usuário seja diagnosticado com Alzheimer, AVC, câncer, infarto, insuficiência renal crônica, Parkinson, paralisia de membros e perda da fala, da visão e da audição.

A Brasilseg oferece telemedicina, exames para checkup e uma assistência pet, para consultas veterinárias e funeral do animal de estimação. Segundo a superintendente da seguradora, o plano mais completo traz ainda a possibilidade de o usuário fazer um mapeamento genético que pode verificar predisposições como intolerância a lactose a doenças autoimunes.

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