Por G1 RS


Mensagem em cartaz no posto da Tronco, em Porto Alegre — Foto: Léo Saballa Jr/RBS TV

Por recomendação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, do Ministério Público Federal, do Ministério Público de Contas e do Ministério Público do Trabalho, as contratações de profissionais para atuarem na rede de saúde municipal só podem ser feitas mediante concurso ou processo seletivo público.

Uma nota, expedida na última terça-feira (1º), assinada conjuntamente pelos quatro órgãos, dirige à Prefeitura de Porto Alegre a recomendação lembrando que, em 2007, um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta foi firmado, entre MP, MPF e MPT, determinando a forma de contratações.

Em caso de descumprimento, a prefeitura terá que pagar multa. A Secretaria de Saúde de Porto Alegre diz que a recomendação será obedecida.

Somente serão repassadas à gestão por entes privados as contratações correspondentes aos serviços complementares de saúde, informa a prefeitura. É o que prevê a nota recomendatória.

Os órgãos citam, no documento, o anúncio do prefeito Nelson Marchezan Júnior de contratar entidades privadas como um plano emergencial após o encerramento do Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família (IMESF), que provocará a demissão de 1,8 mil profissionais que estavam ligados ao instituto.

"Considerando ser de conhecimento público a intenção de o Governo Municipal de Porto Alegre repassar, a organizações da sociedade civil, a totalidade (ou a quase totalidade) das atividades atualmente desenvolvidas pelo Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família (IMESF), com a extinção deste Instituto, o que atenta contra a previsão do art. 199, § 1ª, da Constituição da República", aponta.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde garante que as organizações sociais privadas a serem contratadas pela Administração Municipal só prestarão serviços complementares. O cálculo atual da prefeitura aponta que 29% dos gastos com a saúde é destinado a instituições privadas.

Além disso, está prevista a criação de cargos de agentes de saúde e de endemias, a serem preenchidos por concurso público. Médicos e dentistas deverão entrar no percentual destinado aos serviços complementares, reforça a secretaria.

Conforme o MP, a notificação foi entregue na quinta-feira (3), ao prefeito Nelson Marchezan Júnior, ao secretário da Saúde, Pablo Stürmer, e ao procurador-geral do Município, Nelson Marisco, com cinco dias para resposta.

Leia a nota da prefeitura na íntegra abaixo

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre assume seu papel de cumprir com os preceitos constitucionais e legais, e informa que acatará a recomendação que determina a transferência dos serviços da gestão de parcela de serviços essenciais de saúde à organizações da sociedade civil, desde que apenas de forma complementar.

Nesse sentido, desde já, esclarece-se que 71% dos recursos destinados à Saúde pelo município de Porto Alegre são endereçados as mais variadas áreas através da Administração Pública Direta (como HPS, HMIPV, APS e PAs) ou Indireta (como GHC e HCPA). Complementarmente, apenas 29% dos dispêndios em saúde no município de Porto Alegre são destinados à instituições privadas, a esmagadora maioria filantrópicas, sem fins lucrativos (e até seculares) como a Santa Casa, o Hospital São Lucas, o Instituto de Cardiologia, Associação Educadora São Carlos (administradora do Hospital Santa Ana e de diversos Centros de Atenção Psicossocial do município), Associação Hospitalar Vila Nova, Banco de Olhos, Hospital Espírita.

Com relação aos agentes comunitários de saúde e de endemias a Secretaria trabalha com o projeto de contratação na administração direta através de processo seletivo.

Encerramento do Imesf

Em 17 de setembro, a prefeitura anunciou plano emergencial após a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que a lei que criou o IMESF era inconstitucional. O IMESF foi criado em 2011 como uma fundação pública de direito privado.

No mesmo ano, diversos sindicatos e a associações entraram na Justiça por julgar inconstitucional a criação de uma fundação para atendimentos públicos de saúde.

Mais de 1,8 mil profissionais de saúde que atuam nos postos e unidades de saúde da Capital são contratados pelo IMESF, e terão seus vínculos encerrados. Com a perspectiva de desemprego, a categoria iniciou mobilizações, e fechou postos por dias seguidos. A prefeitura chegou a convocar profissionais para irem trabalhar.

No dia 1º, o Sindisaúde aprovou um plano de lutas, que inclui a possibilidade de greve dos profissionais nos próximos dias.

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