• Ana Laura Stachewski
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Juliano Dias, cofundador da Meetz: startup ajuda empresas na prospecção de clientes (Foto: Divulgação)

Juliano Dias, cofundador da Meetz: startup ajuda empresas na prospecção de clientes (Foto: Divulgação)

O Brasil perdeu ao menos 716 mil empresas durante a pandemia, segundo dados do IBGE até a primeira quinzena de junho. O empreendedor Juliano Dias, 38, é um dos que fechou o negócio por causa da crise. Ele havia fundado a BeGraf, um marketplace para gráficas, há quatro anos.

A empresa tinha a seu favor a operação digital e a experiência prévia com home office, dois fatores que ajudaram muitas empresas a enfrentar a crise. Mas isso não compensou as dificuldades vividas pelo segmento. “Ninguém compra cartões, panfletos e brindes se não tem gente na rua”, diz ele.

Quando a empresa fechou, em meados de abril, 10 dos 12 funcionários foram demitidos. Os outros dois, Raphael Baltar, 24, e Rafael Raposo, 23, acabaram virando sócios de Dias em um novo empreendimento. Os três fundaram a Meetz, uma startup que ajuda empresas do setor B2B na prospecção de clientes.

A proposta é unir tecnologia a um time com experiência em vendas para ajudar negócios a mapear os melhores clientes corporativos para seus produtos e serviços – além de abordar os potenciais compradores da melhor forma. “Tínhamos uma máquina de vendas e prospecção que nos colocou na mesa de grandes empresas. O mercado estava precisando disso”, afirma Dias.

Transição
Dias se mudou para Portugal em janeiro, após se dividir entre Lisboa e Recife (PE) durante três anos. As experiências do país e da Europa com a pandemia serviram de termômetro para sua avaliação do que aconteceria por aqui. A BeGraf atendia clientes nos dois países. “Redes de cinema, por exemplo, era nossos clientes. Vimos que estávamos com problemas e teríamos que tomar uma decisão.”

Baltar e Raposo eram funcionários das áreas comercial e de pré-vendas. Em agosto de 2019, Raposo desenvolveu um projeto semelhante ao que a Meetz é hoje para ajudar um cliente. Mas, até então, ninguém tinha planos de transformar o serviço em uma nova empresa.

Raphael Baltar e Rafael Raposo eram funcionários da BeGraf e entraram na Meetz como sócios (Foto: Divulgação)

Raphael Baltar e Rafael Raposo eram funcionários da BeGraf e entraram na Meetz como sócios (Foto: Divulgação)

Com o iminente fechamento da BeGraf, os dois se uniram a Dias e fundaram a Meetz em abril. A empresa também nasce presente nos dois países, com Dias em Portugal e o restante da equipe em Recife. “Os serviços que fazíamos como funcionários hoje fazemos como sócios”, diz Baltar.

Segundo ele, a proposta soluciona uma dor comum entre as empresas: a concentração de funções entre os vendedores. “Muitos acabam deixando algo de lado, geralmente a prospecção. É extremamente desgastante passar o dia no telefone e depois esperar por horas em uma sala de reunião”, diz.

De ponta a ponta
A atuação da Meetz começa na seleção dos potenciais clientes. A startup mapeia empresas no perfil desejado pelo cliente, analisando fatores como segmento, porte, número de funcionários e faturamento. Também avalia de que formas o cliente pode solucionar os problemas dos negócios e as melhores formas de entrar em contato com eles. “Usamos tecnologia para desenhar onde estão essas empresas e quem são os decisores que compram o produto ou serviço”, explica Dias.

O fator humano entra na comunicação, toda feita por e-mail e formulada caso a caso. O serviço da Meetz termina com a entrega de uma ou várias reuniões marcadas com líderes das empresas. Como exemplo do ganho de produtividade, Dias cita o caso de uma fintech atendida pela Meetz: o número de reuniões mensais com potenciais clientes passou de 2 a 3 para 15 a 18.

O serviço é ofertado por planos de assinatura. O preço base custa R$ 2,9 mil e varia de acordo com o número de reuniões agendadas. Com foco inicial em pequenas e médias empresas, a Meetz hoje tem 33 clientes e espera fechar o ano com 80. A projeção é faturar R$ 800 mil em 2020.

“Além do serviço, os clientes compram a experiência. Se fossem montar uma equipe, precisam aprender a fazer isso para treiná-la”, diz Raposo. O próximo plano da startup é resolver esse problema, lançando uma frente de educação para o treinamento de equipes de vendas.