Brasil educação

Covid-19: Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que definição sobre volta às aulas deve observar condições locais

Confira as orientações da entidade para o retorno
Alunos numa sala de aula na unidade de Icaraí do Colégio PH Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Alunos numa sala de aula na unidade de Icaraí do Colégio PH Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

BRASÍLIA — A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) produziu um documento em que faz alertas quanto ao retorno presencial das aulas nas escolas , além de uma série de recomendações para a retomada. Os especialistas apontam que a elaboração do protocolo para uma volta segura deve considerar as condições epidemiológicas locais, como a baixa taxa de transmissão do novo coronavírus e as condições da infraestrutura dos serviços de saúde, assim como a oferta de leitos de UTI.

Entrevista : 'Podemos ter 180 mil mortos pela Covid-19 até sair vacina’, diz Luiz Henrique Mandetta

Para a SBP, se esses requisitos forem observados em alguma cidade, "configura-se plausível que o retorno de crianças e adolescentes às salas de aula presenciais seja autorizado". Mas, reconhece que a retomada das aulas é uma operação "delicada" e que exige planejamento.

Baixe aqui : Cartilha do GLOBO sobre volta às aulas com segurança

Entre as ações sugeridas para mitigar os riscos de contágio pela Covid-19 nas escolas que reabrirem estão o uso de máscaras, a manutenção do distanciamento de até dois metros entre as carteiras, a triagem de sinais da Covid-19 e a reserva de um espaço nas escolas para atender os estudantes com sintomas da doença.

Covid-19 : Estudo de Harvard aponta que crianças têm alta carga viral e podem ser mais contagiosas do que adultos

A entidade ainda reconhece que mesmo com a determinação pelo retorno presencial, "deve ser preservado o direito de acesso ao ensino à distância para os alunos integrantes de grupos de maior risco e vulnerabilidade, assim como àqueles que optarem por permanecer em casa por se sentirem inseguros". O mesmo deve valer para os professores e os funcionários. Por isso, a SBP se diz favorável ao modelo híbrido: aulas a distância e presenciais alternadas.

Analítico : As perguntas sem resposta no debate sobre a volta às aulas no Rio

A SBP compartilha a opinião de outros especialistas que afirmam ser de responsabilidade das autoridades, entre elas, os ministérios da Saúde e Educação, e secretarias estaduais, a tarefa de determinar o momento ideal para a volta às aulas. Contudo, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Milton Riibeiro afirmou que não caberia à pasta comandada por ele definir sobre o retorno presencial das atividades nas escolas.

O grupo de pediatras ainda ressalva que faltam evidências científicas para isentar as recomendações de incertezas. "Qualquer opção — voltar às aulas ou manter somente atividades remotas — está sujeita a riscos, alguns potenciais ou eventuais e outros claros e inquestionáveis", escrevem os especialistas.

'O Dilema das Redes' : Refúgio na pandemia, redes sociais ajudaram a formar geração mais ansiosa e deprimida

Em uma pesquisa de opinião encomendada pelo GLOBO, o Ibope aferiu que 72% dos entrevistados defendem que as aulas presenciais só devem recomeçar quando houver uma vacina contra a Covid-19 . A medida também divide especialistas de educação e saúde. Em estados como no Amazonas, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, os estudantes e os professores já voltaram às escolas.

Confira as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria:

  • higienização frequente de mãos e superfícies;
  • orientação aos alunos de terem suas próprias garrafas de água;
  • estímulo às atividades ao ar livre ou em ambientes arejados e ventilados;
  • proibição às aglomerações na entrada e na saída dos alunos;
  • restrição do acesso dos adultos familiares dentro da escola;
  • adoção de medidas de distanciamento social, com divisão de alunos em turmas menores e espaço mínimo de um a dois metros entre as cadeiras;
  • realização de triagem de sinais e sintomas sugestivos da doença (febre, tosse e outras manifestações respiratórias e gastrointestinais);
  • reserva de espaço na escola para acolher alunos que iniciarem manifestações sugestivas de Covid-19;
  • uso sistemático de máscaras nas crianças em condições de fazê-lo. Sociedade 25.09 11h27