Bolsas e índices

Por Gustavo Ferreira, Valor Investe — São Paulo

Nunca antes na história da bolsa deste país o botão de pânico foi acionado três vezes tanto em tão pouco tempo. O circuit breaker da B3 foi acionado pela terceira vez, em apenas quatro pregões, nesta quinta-feira (12).

É inédito tantas interrupções em tão poucos dias, e desde 2008 duas interrupções não aconteciam no mesmo pregão, como nesta quinta.

Nas três ocasiões, o pano de fundo foi o coronavírus. Mas cada um desses três atos tiveram nuances diferentes. Abaixo, você lerá um resumão do contexto que fez obrigou a B3 a interromper seus trabalhos antes que a vaca fosse para o brejo de uma vez.

Primeiro ato

Na segunda-feira (9), os preços do petróleo derreteram 30% na abertura, por causa de um impasse entre Arábia Saudita e Rússia sobre um corte de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). A ideia era segurar os preços em meio à baixa demanda enquanto o surto do novo coronavírus, o Covid-19, durar. Como os Russos bateram o pé, os árabes radicalizaram cortando preços e aumentando a produção.

Resultado? Não bastasse a pressão de baixa demanda nos preços do petróleo, veio a pressão da sobreoferta saudita. Os preços do petróleo derreteram, as grandes petroleiras listadas, e com participação expressiva em índices de bolsa pelo mundo, idem, puxando as demais ações para o buraco junto delas.

Segundo ato

O segundo circuit breaker, na quarta-feira (11), veio depois de um soluço dos mercados, na terça (10), em que bolsas subiram forte com a ida de investidores às compras em busca de pechinchas. Na quarta, no entanto, o choque de realidade veio logo no início do pregão, com investidores frustrados e bolsas caindo por causa da até então apatia do governo americano.

No Brasil, em que o Ibovespa já caía na casa dos 5% com esse clima de frustração, o derretimento foi aprofundado quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou que não vivemos mais uma epidemia, mas uma pandemia de coronavírus. Na prática, significa que o mundo não tem sido bem-sucedido em conter a contaminação, e que os esforços agora devem se voltar para o cuidado dos doentes.

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Resultado? Você já sabe. Pânico pelo segundo dia na semana, e botão de pânico acionado na B3 de novo, com a fila dos tombos puxada pelas empresas que já estão se acostumando com quedas na casa dos dois dígitos: aéreas, Petrobras, Vale, siderúrgicas e ações de varejista que, com alta forte antes de o caos se instalar, despenca pela realização dos lucros antes de eles irem para o vinagre.

Histórico de circuit breakers do Ibovespa

PARADA DE 1/2 HORA HORÁRIO OSCILAÇÃO NO FECHAMENTO (%)
07/11/1997 16:28:00 -6,38
12/11/1997 16:39:00 -10,2
21/08/1998 12:34:00 -2,85
04/09/1998 15:28:00 -6,13
10/09/1998 11:07:00 -15,82
17/09/1998 10:34:00 -4,84
13/01/1999 12:12:00 -5,04
14/01/1999 16:46:00 -9,96
29/09/2008 14:47:30 -9,36
06/10/2008 10:18:00 -5,43
10/10/2008 10:34:30 -3,97
15/10/2008 14:24:30 -11,39
22/10/2008 17:17:00 -10,18
18/05/2017 10:20:30 -8,8
09/03/2020 10:17:00 -12,17
11/03/2020 15:14:00 -7,67
PARADA DE 1 HORA HORÁRIO OSCILAÇÃO NO FECHAMENTO (%)
28/10/1997 12:33:00 6,42
10/09/1998 16:26:00 -15,82
06/10/2008 11:43:30 -5,43

Terceiro ato

Com um dia de atraso, o presidente americano, Donald Trump, foi a público na noite passada dizer o que a Casa Branca fará na tentativa de conter o avanço do novo coronavírus no território americano. E tomou uma medida inesperada, cujas consequências para o crescimento da economia mundial em 2020 podem ser trágicas.

Para a economia global crescer, afinal, depende de trocas entre os países. E, ao menos pelos próximos 30 dias, os negócios entre Estados Unidos e a União Europeia (que já não conta com o Reino Unido, que terá a seu favor condições especiais fornecidas por Trump) ficarão praticamente impossibilitados. Se o comércio internacional já tinha travas, por causa da interrupção da livre circulação em alguns países, como a Itália, agora a encalacrada tomou proporções inimagináveis.

Resultado? Já tivemos um circuit breaker logo na abertura do pregão, com o Ibovespa caindo mais de 10%, e os negócios sendo interrompidos por meia hora. Pouco minutos depois da volta, veio um segundo, porque o índice afundou mais de 15%, e os negócios foram parados por uma hora.

Para que um terceiro alarme não seja desperto, o Ibovespa não pode agora cair mais que 20% nesta sessão. Nesse caso, haverá um terceiro congelamento de operações na B3, por tempo a ser determinado e comunicado ao mercado - clique aqui para ler mais detalhes sobre como funcionam um circuit breaker, espécie de disjuntor que salta no quadro elétrico da bolsa para evitar um curto circuito maior.

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