• Paulo Gratão
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Denis Sá, fundador da Enjoy Inglês Profissionalizante (Foto: Divulgação)

Denis Sá, fundador da Enjoy Inglês Profissionalizante (Foto: Divulgação)

A quarentena fez com que todas as mais de 40 unidades da Enjoy Inglês Profissionalizante precisassem ser fechadas, assim como todos os centros de ensino do país. Para continuar as aulas, a rede aderiu à ferramenta de comunicação Zoom, que tem sido utilizada por uma boa parte das escolas para continuar os cursos. No entanto, eles logo perceberam que isso poderia deixar alguns alunos para trás.

O público-alvo da franquia são jovens entre 11 e 18 anos das classes C, D e E, de acordo com o fundador, Denis Sá. “É um modelo americano de ensino. Tem o inglês, a tecnologia, o que ele vai usar na vida profissional e possibilidade de encaminhamento profissional no final”, diz. Quando a empresa migrou todo curso de férias (que vai ser aplicado durante a quarentena) para o digital, percebeu que alguns alunos não conseguiriam acompanhar as aulas em tempo real, por conta da falta de internet em casa ou banda precária. “Em muitos casos, não dá para acompanhar por 3G. Precisamos pensar em algo rápido para ajudar as unidades.”

Com isso, eles tiveram a ideia de mobilizar os professores para fragmentar todo o conteúdo em seis pequenos vídeos e textos para que fossem enviados por WhatsApp e Telegram. Aplicativos sociais demandam menos banda de internet e, em alguns casos, são gratuitos. Sá estima que tenha sido necessário adotar essa metodologia para 30% das turmas. Com isso, ele conseguiu reter os alunos em quase todas as unidades. A série de vídeos também é disponibilizada no app da rede.

Além disso, Sá percebeu uma efetividade muito maior na participação dos pais nas aulas à distância. “Estamos pensando em continuar com as aulas online, seja no Zoom ou por WhatsApp, depois da pandemia, para manter o pai conectado.” A rede tem como premissa oferecer algumas turmas de cursos gratuitos presenciais para os pais que matriculam alunos na escola, mas o empreendedor percebeu eles "mais entusiasmados" em acompanhar o conteúdo junto com os filhos, embora ainda não tenha mensuração efetiva de transformar o interesse em matrícula.

Apostilas em casa
A rede disponibiliza um aplicativo de realidade aumentada para ser usado como complemento das aulas, mas que também requer internet. Quando perceberam a dificuldade dos alunos, alguns educadores sugeriram imprimir apostilas e entregar na casa de cada estudante, para que eles conseguissem acompanhar as aulas. “Eu, como franqueador, não teria pensado nesse nível de detalhe. Isso foi ideia de um professor que acabou se espalhando pelas unidades”, afirma Sá. 

De acordo com ele, a ação teve impacto positivo na percepção dos alunos, e os custos são mínimos, pois a impressora é locada em cada unidade e os professores vão de transporte por aplicativo até a residência dos alunos.

Com isso, ele diz que conseguiu estabilizar a retenção e está otimista para o futuro. "Acredito que teremos bons frutos dessa crise, pois os pais estarão ainda mais atentos para a necessidade da educação nesse período com os filhos em tempo integral em casa", diz.

A Covid-19 se tornou, também, tema das aulas da Enjoy Inglês Profissionalizante. Desde o início do distanciamento social, o conteúdo de prevenção e transmissão está sendo explicado e discutindo com os alunos nas aulas virtuais. “A escola viu uma oportunidade de incluir o vocabulário de forma educativa e informativa, para que os jovens aprendam e ao mesmo tempo tenham conhecimento das medidas preventivas e do importante papel que cada um tem. Os jovens têm mais dificuldade de 'aceitar' o distanciamento social", explica o empreendedor.

Sócios se conheceram na reabilitação
Denis Sá conheceu seu sócio, Oswaldo Segantim, há 19 anos, em uma clínica de reabilitação. Os dois estavam em tratamento pelo vício em crack e cocaína e passaram oito meses como companheiros no local. Lá eles iniciaram o sonho de, um dia, empreenderem juntos.

Já recuperados, os dois conduziram muitas palestras para dependentes químicos e passaram a trabalhar com a divulgação de cursos de inglês.

Cinco anos depois, perceberam que era possível desenvolver o próprio modelo de negócio, mas com o diferencial de aliar a língua estrangeira a cursos profissionalizantes. Nascia assim, em 2006, a Enjoy Inglês Profissionalizante. A rede se tornou franquia em 2015. No ano passado, a marca faturou R$ 32 milhões.

Apoie o negócio local (Foto: Editora Globo)