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Por Jornal Nacional


Vacinação de crianças contra Covid tem baixa procura no Brasil

Vacinação de crianças contra Covid tem baixa procura no Brasil

Por causa de mentiras e teorias conspiratórias sobre a imunização infantil espalhadas em redes sociais, muitos pais ainda não foram proteger os filhos com a vacina anti-Covid.

A advogada Ana Paula Monteiro nunca deu importância às fake news sobre vacina infantil. Muito pelo contrário. Sofreu quando a filha Poliana pegou Covid, antes de se imunizar. A menina teve sintomas graves, UTI, 12 dias no hospital.

Recentemente, o coronavírus atacou pela segunda vez e Poliana, que tem 11 anos, teve que adiar a vacinação. Uma frustração para família.

“Nós sonhamos com essa vacina. Ela já saiu do hospital perguntando da vacina para os médicos”, conta Ana Paula.

Assim como tem as famílias que estão contando as horas para proteger os seus filhos, tem aquelas que ainda não levaram as crianças para tomar a vacina, mesmo estando na idade estipulada pelo calendário. Isso tem deixado os números da imunização infantil bem abaixo do esperado em muitas cidades brasileiras. Um exemplo é Niterói, na Região Metropolitana do Rio, que já cumpriu todo o calendário dos 5 aos 11anos, entrou na repescagem e, até agora, apenas 30% das crianças foram vacinadas. Mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o cenário já foi pior.

“Me parece que a irresponsabilidade do discurso de que é uma vacina experimental – o que não é – pegou um pouquinho. A população, ao ver que de fato é uma vacina segura, porque não está acontecendo nenhum evento adverso, tem aumentado a procura e a presença”, diz o secretário municipal de Saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira.

Na cidade do Rio, a Secretaria Municipal de Saúde também atribui o movimento menor do que o ideal, nos postos, à onda de informações falsas. O calendário foi interrompido na idade de 7 anos, por falta de doses. Na faixa etária entre 7 e 11 anos, 40% das crianças se vacinaram.

Goiânia, que já está vacinando crianças de 5 a 11 anos, atingiu apenas 25% do público alvo; Campo Grande, 22%; no Recife, só 10%. Em Maceió, a vacinação alcançou 13% da turma de 5 a 11 anos.

“Pela primeira vez, nós estamos vendo uma campanha de vacinação sem uma devida campanha de esclarecimento, fazendo com que os pais fiquem inseguros se devem ou não levar os seus filhos”, afirma a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações.

Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que prefere enxergar o lado positivo dos números de vacinados.

“Estamos assistindo crianças com vontade de serem vacinadas. É importante acelerarmos a aquisição, distribuição para todas as unidades de saúde, para que todo esse desejo, toda essa vontade da população se vacinar se traduza no fim em crianças protegidas e a doença controlada”, diz.

Poliana é uma dessas crianças animadas: “Não vejo a hora de ter a minha vacina da Covid”. Fez até camiseta para quando chegar o grande dia.

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