O acesso a serviços de coleta de esgoto ainda é o maior gargalo para o saneamento no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Boa parte dos lares brasileiros, ou 35,7%, não têm esse serviço. A proporção aumenta para 56,2% quando se considera somente a população que vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, os que têm renda per capita de até US$ 5,50 ao dia. As informações, referentes a 2018, constam da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira.
Segundo o IBGE, esse indicador se refere apenas à coleta, e não necessariamente ao tratamento dos dejetos sanitários.
Ainda que um domicílio tenha seu esgoto coletado por rede, ele não necessariamente passará por tratamento antes de atingir os rios ou mares.
Considerando a população como um todo, a coleta de lixo é o serviço de saneamento que atinge mais pessoas. Dessa forma, 9,7% dos lares ainda não tem acesso. O abastecimento da água por rede ainda não é disponibilizado para 15,1% do total.
A restrição de acesso aos três serviços é significativamente maior entre a população mais pobre, segundo a pesquisa. Além do tratamento da coleta de esgoto, 21,1% não têm acesso à coleta de lixo, e 25,8%, ao abastecimento de água por rede.
“A restrição de acesso a serviços de saneamento entre essa população é mais crítica, na medida que há maior dificuldade em se recorrer a soluções individuais de saneamento, que requerem custos de implantação e manutenção, como poços artesianos e fossas sépticas”, diz o IBGE.
Nos últimos três anos — período em que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua coleta informações sobre os domicílios —, houve expansão moderada do esgotamento sanitário por rede coletora e da coleta de lixo. No caso do esgoto, o aumento foi de 0,6 ponto percentual (de 63,7% para 64,3%). A proporção residindo em domicílios com coleta de lixo subiu 0,8 ponto percentual (de 89,5% para 90,3). O acesso à rede de abastecimento de água manteve-se estável no período.