Educação

Por G1 Santos


Retorno de atividades presenciais nas escolas particulares da Baixada Santista divide opiniões — Foto: Helene Santos/Sistema Verdes Mares

O possível retorno de atividades presenciais nas escolas particulares da Baixada Santista, região de São Paulo, está dividindo as opiniões de profissionais da área de Educação. Enquanto alguns temem voltar para a sala de aula, outros defendem o retorno imediato. O estado deu autonomia para as prefeituras decidirem sobre esse retorno, mas, por enquanto, não há definições.

Na última sexta-feira (18), o governador João Doria (PSDB) reforçou que a volta às aulas nas redes particulares está condicionada à autorização dos prefeitos de cada município. De acordo com ele, as administrações municipais podem decidir se seguirão o cronograma do estado ou se adotarão calendários mais restritivos, de acordo com os dados epidemiológicos locais.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, Benjamin Ribeiro da Silva, defende o retorno imediato das atividades presenciais nas escolas particulares, principalmente para crianças de 0 a 8 anos. De acordo com ele, o órgão deseja iniciar com acolhimento e reforço.

"Esse retorno já demorou demais. No mundo inteiro, a pandemia causou o colapso da Saúde. No Brasil, a doença colapsou a Educação. Muitas crianças estão sofrendo em casa com problemas psicológicos, ansiedade e até violência doméstica. Não temos 100% de garantia que não vai acontecer nada, mas temos mais garantia do que no shopping, praias, restaurantes e mercados", afirma.

Sobre a preocupação com o fato de as crianças não respeitarem os protocolos sanitários, Silva garante que só é possível mudar paradigmas nas escolas. Ele explica que, com o retorno presencial gradual, as escolas farão um diagnóstico para saber as principais dificuldades de cada criança, para recuperar o tempo em que ficaram em casa.

"Acreditamos que os alunos acima de 8 anos podem continuar com as aulas online. As escolas particulares estão dando um show. Os professores estão engajados com os alunos e ensinando de forma maravilhosa. Acreditamos que as aulas não deixarão de ser híbridas ano que vem, pois ainda não temos vacina".

Por sua vez, o Sindicato dos Professores de Santos e Região continua defendendo o retorno seguro apenas em 2021. O presidente da entidade, Walter Alves, reforça que os profissionais nunca deixaram de trabalhar e, mesmo com muitas dificuldades e desafios, conseguiram se adaptar e assumiram todos os custos do trabalho remoto.

"As atividades de reforço são aulas, e com contato de risco para professores, trabalhadores, alunos e familiares. Os estudantes têm a opção de não irem para a escola, mas e o professor? Tem essa opção? Também temos família, andamos de transporte público e temos medo de perder nossos empregos. Nunca fomos chamados para discutir nossas angústias, medos e preocupações", conclui.

Prefeituras

A Secretaria de Educação de Santos informa que foi realizada uma consulta para saber a opinião dos pais e responsáveis, alunos, professores e demais profissionais da Educação quanto ao retorno presencial dos alunos. O resultado desta consulta servirá para que a prefeitura tome a decisão quanto a um possível retorno presencial e gradual dos alunos.

A prefeitura também levará em consideração o decreto estadual que dispõe que o Centro de Contingência e a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde do Estado recomendam que o setor retome as atividades presenciais somente quando todo o território estadual se estabilizar por 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo.

A Prefeitura de São Vicente publicou decreto dando a possibilidade de as escolas particulares apresentarem um Plano de Trabalho de Acolhimento e um Plano Sanitário. Os levantamentos serão apreciados por uma comissão, representada pelas secretarias de Educação, de Saúde e Comércio, Indústria e Negócios Portuários. Essa comissão analisará a viabilidade de retomada das atividades presenciais, desde que se apresentem todos os protocolos a serem seguidos, além de uma pesquisa com mais de 50% da comunidade escolar favorável ao retorno.

Atendendo decreto estadual, a Prefeitura de Praia Grande fixou diretrizes para a definição da retomada das atividades escolares nas escolas públicas e privadas jurisdicionadas à Diretoria Regional de Ensino de São Vicente. As instituições estão em fase final de realização de pesquisa com a comunidade escolar quanto ao retorno das aulas presenciais. Já para as escolas que atendem exclusivamente a Educação Infantil, o retorno ocorrerá apenas em 2021.

Em Guarujá, a retomada na rede privada será facultativa, mas será exigida pesquisa de opinião junto aos pais de alunos. A supervisão do Ensino Infantil ficará a cargo do município, enquanto nos ensinos Fundamental e Médio, será realizada pelo estado.

A Prefeitura de Mongaguá informa que, segundo a Diretoria Municipal de Ensino, nenhuma escola particular solicitou autorização para a retomada das aulas presenciais até o momento. As instituições educacionais privadas estão autorizadas a optar pelo retorno gradativo, desde que observado integralmente as condicionantes estabelecidas pelo Plano São Paulo.

A Secretaria de Educação de Cubatão informa que a regulamentação para retomada das escolas particulares, que pertencem ao Sistema de Ensino do município, ocorrerá por meio de ato administrativo que está em elaboração.

A rede particular de Peruíbe, que atende os ensinos Profissionalizante, Médio, Fundamental e Infantil, está autorizada a retomar as atividades pelo Plano São Paulo. A Diretoria Regional de Ensino de São Vicente já autorizou o retorno de três instituições. Quanto ao diálogo com os profissionais da Educação, o prefeito publicou decreto nomeando a Comissão de Gerenciamento da Covid-19/Educação, que finalizou a elaboração do plano de retomada das aulas.

A Secretaria de Educação de Bertioga informa que as escolas particulares que possuem Ensino Fundamental e Médio são fiscalizadas e gerenciadas pela Secretaria de Educação do Estado, portanto, cabe ao estado definir quando elas voltam as aulas. Cabe ao município acompanhar só as creches.

A Prefeitura de Itanhaém ressalta que fica autorizada a retomada gradual das aulas e das atividades presenciais nas unidades escolares de educação básica das instituições privadas de ensino localizadas no município de Itanhaém, desde que observadas as diretrizes do Plano São Paulo.

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