Por RJ1


Depois de 10 anos do desabamento, moradores do Morro do Bumba ainda aguardam apartamentos

Depois de 10 anos do desabamento, moradores do Morro do Bumba ainda aguardam apartamentos

A tragédia do Morro do Bumba, em Niterói, que deixou 48 pessoas mortas depois de um deslizamento de terra, completou 10 anos neste mês sem que as famílias atingidas recebessem as moradias prometidas pelas autoridades.

Em Poço do Lago, seis dos oito prédios sociais, onde 280 famílias seriam transferidas, ficaram prontos em 2018, depois de oito anos do desastre. Os apartamentos, no entanto, não podem ser habitados porque um laudo da Defesa Civil constatou risco de desabamento em pelo menos um dos prédios.

Uma moradora do Morro do Bumba, que presenciou o desabamento ocorrido em 7 de abril de 2010, conta que também teve o aluguel social cortado há seis meses. O benefício foi prometido enquanto as novas residências não ficavam prontas.

"O aluguel social foi cortado não sabemos qual motivo, não foi justificado. Então, quem precisava daquele dinheiro para poder se sustentar, para pagar um aluguel social, pagar uma casinha humilde, não tem mais, não tem mais. Do nada foi cortado", relata a moradora.

Trabalho de resgate no Morro do Bumba, em 2010, após deslizamento — Foto: Liana Leite/Globonews

Atualmente, 807 pessoas recebem o aluguel social no valor de R$ 400 do governo do estado.

Rejane foi uma das vítimas da tragédia e, hoje, é uma das líderes do movimento que cobra as autoridades sobre a situação das famílias desabrigadas. Segundo ela, a falta de moradia levou muitas pessoas de volta ao morro.

"Quatrocentos reais não dá para morar em Niterói. As pessoas acabam voltando a morar em área de risco", diz.

Perto do Bumba, a moradora da Travesa Iara, região também atingida pelo desastre, conta que além de perder a casa em que morava, também precisou dizer adeus a três crianças.

"Eu também sou uma das desabrigadas de 2010. Perdi minha cunhada, perdi uma criança com 1 mês e 20 dias, outro com 1 ano e 8 meses e uma criança de 11 anos", relembra Niceia.

O que dizem as autoridades

Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, após informe da prefeitura, o aluguel social da moradora citada na reportagem foi cancelado porque ela voltou a morar no imóvel que havia sido interditado pela Defesa Civil Municipal e isso infringe as regras para receber o benefício.

Já a Prefeitura de Niterói diz que as famílias que foram devidamente cadastradas, ao todo 383, foram contempladas com unidades habitacionais nos seguintes locais:

  • - Condomínio Várzea das Moças – 93 famílias
  • - Condomínio Viçoso Jardim – 144 famílias
  • - Condomínio Zilda Arns 2 – 5 famílias
  • - Condomínio Parque Abaré – 31 famílias
  • - Condomínio Parque Açu – 41 famílias
  • - Condomínio Parque Araxá – 60 famílias
  • - Residencial Bento Pestana – 1 família
  • - Residencial Vivendas do Fonseca – 8 famílias

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