• Paulo Gratão
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A empreendedora Cecília Gillio (Foto: Divulgação)

A empreendedora Cecília Gillio (Foto: Divulgação)

A economista Cecília Gillio, 61, trabalhou por 17 anos em uma multinacional e saiu faltando apenas dois anos para se aposentar, em 2015. “Fiquei em dúvida sobre o que fazer. Procurei emprego, busquei minha rede de contatos, mas nesse meio tempo meu primeiro neto estava para nascer.”

Como estava com tempo, Cecília se ofereceu para fazer as lembrancinhas da maternidade e acabou se redescobrindo no artesanato. Do ursinho Miguelito, que foi o primeiro produto, inspirado no neto Miguel, ela começou a fazer bonecos. Viu que conseguia ganhar dinheiro com isso e, depois, passou para casinhas montáveis tridimensionais, que poderiam trazer um retorno melhor. “Comecei e não parei mais. Desisti de procurar trabalho.” O investimento que a empreendedora fez foi apenas na máquina de costura, de cerca de R$ 1.000.

Cecília começou vendendo os produtos para conhecidos, e depois pela internet. Hoje, ela mantém uma loja no site Elo7. No entanto, a principal plataforma de divulgação é o Instagram. E isso cresceu mais ainda durante a pandemia.

“As minhas melhores clientes são tias e avós, porque o brinquedo é personalizado, exclusivo, geralmente era o sonho da infância delas. Uma das últimas peças que eu vendi foi para uma senhora de 95 anos.”

Geralmente, os picos de venda de Cecília são o Dia da Criança e o Natal, mas em 2020 tudo virou de ponta-cabeça. “Nesse ano, por conta da pandemia, as pessoas estão comprando bastante produto personalizado. Gente que não tinha costume de comprar pela internet.”

Antes, a demanda média era de menos de 15 pedidos por mês. Agora saltou para 22, praticamente um por dia útil. O tíquete médio é de R$ 300. “É bastante coisa, porque tem produto que eu levo um dia e meio para fazer.” No entanto, como está em casa, ela conta que tem conseguido se distrair com o trabalho e cumprir os prazos de produção e encomendas.

Influenciadora por acaso se reinventa na pandemia

Claudia Grande, fundadora do Projeto 60 (Foto: Divulgação)

Claudia Grande, fundadora do Projeto 60 (Foto: Divulgação)

Há cerca de seis anos, Claudia Grande, 64, viu uma roupa bonita em uma vitrine e quis comprar, mas resolveu que guardaria para uma ocasião especial: seu aniversário de 60 anos. Na ocasião, ela tinha 58, faltava um tempo.

Assim, ela criou uma página no Facebook chamada Projeto 60 Anos e começou a reunir ideias de viagens e outros presentes que queria dar a si mesma quando chegasse à idade. A página repercutiu entre pessoas que tinham os mesmos sonhos, e Claudia enxergou uma oportunidade de negócio. “Em uma semana, tinha mais de 1000 pessoas que eu não conhecia dizendo que queriam viajar junto comigo ou comprar a mesma roupa.”

Claudia vinha de um tratamento de câncer e também de anos de trabalho em uma empresa da família, mas não estava mais feliz. Quando viu a oportunidade de ganhar dinheiro influenciando e entretendo outras pessoas da mesma faixa etária, ela não pensou duas vezes.

Uma das viagens realizadas pelo Projeto 60 Anos (Foto: Divulgação)

Uma das viagens realizadas pelo Projeto 60 Anos (Foto: Divulgação)

A primeira viagem reuniu cerca de 30 mulheres, pouco mais de um mês depois da criação da página. Todas foram para um cruzeiro que tinha como trajeto cidades do Uruguai e da Argentina. “De lá para cá, já fiz mais de 60 viagens com esse grupo.” 

O faturamento passou a vir das negociações que ela fazia com agência de viagens, e também com a revenda das roupas que as seguidoras queriam comprar. Ela virou uma curadora. “Todas as viagens são destinos que eu quero conhecer.” Hoje, Claudia é avó de cinco netos e curadora de mais de 750 mil seguidores.

Na pandemia, as viagens de Claudia foram suspensas. O que tem mantido a empresa funcionando é justamente a venda de roupas, que teve um crescimento expressivo, de acordo com ela. “Chego a vender umas 30 por dia.” Ela também trocou os aviões e ônibus por câmeras, e começou a fazer algumas reuniões virtuais com as seguidoras para manter o negócio vivo.

Aulas de bordado na internet inspiram outras mulheres

Nice Pena, fundadora do Pinte&Borde com Nice Pena (Foto: Divulgação)

Nice Pena, fundadora do Pinte & Borde com Nice Pena (Foto: Divulgação)

Quando os filhos se casaram, Nice Pena, 59, avó de cinco netos, abriu a Pinte & Borde com Nice Pena para ter uma renda extra e ocupar a mente. Ela fazia e vendia tricôs, pintura em tela e crochês para amigas e conhecidas, e também começou a ministrar aulas. Nos últimos quatro anos, a empreendedora levou a empresa para o Facebook e teve um aumento de 80% nas vendas.

No entanto, grande parte do faturamento dela ainda vinha das aulas, que ela precisou suspender com a pandemia. Nice, que está em tratamento de saúde, precisou reinventar o negócio para continuar a ter faturamento no período. Aprofundou-se na técnica conhecida como fuxico e começou a criar moldes próprios, além das flores e formatos costumeiros da prática. Daí saíram pesos de porta e enfeites diferentes para casa, por exemplo.

Peso de porta de fuxico feito pela empreendedora Nice Pena (Foto: Divulgação)

Peso de porta de fuxico feito pela empreendedora Nice Pena (Foto: Divulgação)

“Comecei a postar na minha página e enviar fotos para as amigas no WhatsApp. Elas gostaram e começaram a pedir. Comecei a fazer mais e, como sou do grupo de risco e não posso sair de casa, essa foi minha distração.”

Ela também recebeu demanda de gente que queria aprender a “fuxicar”. Assim, começou a promover lives em um grupo fechado no Facebook, chamado Clube da Borboleta, que tem mais de 275 mil mulheres. Agora, a empreendedora conta que recebe feedbacks do Brasil inteiro de mulheres que começaram a ganhar dinheiro com o fuxico. “São pessoas do grupo de risco que estavam sem fazer nada em casa. É muito bacana ganhar o seu e ainda poder ensinar os outros a ganhar dinheiro também.”