Por G1 Santos


Funcionária da Secretaria de Saúde de Guarujá avisa família em publicação que jovem foi transferido, uma hora após a morte dele. — Foto: Reprodução/Facebook

A família de um paciente em estado grave que aguardava uma vaga de transferência para UTI em um dos hospitais da região de Guarujá, no litoral de São Paulo, teve uma surpresa desagradável no último sábado (14). Por meio de comentários em uma das publicações de familiares, uma representante da Secretaria de Saúde afirmou que o jovem 'tinha sido transferido para um hospital'. O problema, segundo familiares, é que ele já estava morto e não havia sido transferido.

O caso aconteceu em uma publicação que a irmã da vítima fez nas redes sociais pedindo ajuda para que o jovem Paulo de Jesus dos Santos, de 16 anos, conseguisse uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um dos hospitais da região. Segundo apurado pelo G1, o estado de saúde do jovem era considerado gravíssimo, já que ele havia ingerido uma substância venenosa.

De acordo com familiares, ele foi internado na última quarta-feira (11) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Os enfermeiros avisaram que não havia vaga para transferência em nenhum hospital", relata a irmã do jovem, Gisleine dos Santos. "Então, pediram para que a gente tentasse mobilizar alguém através das redes sociais". A família, então, publicou o apelo na web na última sexta-feira (13).

Família publica apelo nas redes sociais para conseguir encaminhamento de jovem em estado grave na UPA Enseada, no Guarujá — Foto: Reprodução/Facebook

Horas após a publicação, uma mulher se identificou como representante da Secretaria de Saúde de Guarujá e comentou a publicação com a seguinte mensagem: "Estamos todos envolvidos desde cedo em busca da vaga. Quero esclarecer que em momento algum o jovem ficou sem assistência médica. Temos uma equipe multiprofissional envolvida e comprometida com a vida. Estamos todos empenhados. Não estamos de braços cruzados e ele está sendo medicado", disse.

De acordo com a irmã do jovem, essa ou qualquer outro representante da saúde da cidade não entrou em contato com a família. "Nós não sabíamos o estado de saúde dele, nem como estava a transferência. Não deram nenhum parecer nesses dias que ele ficou internado. Diziam que estavam só aguardando, mas aguardando a transferência ou a morte dele?", desabafa.

Ainda no sábado, a mesma mulher voltou à publicação e fez um comentário comemorando ter conseguido transferir Paulo para um hospital da região. "O jovem já foi transferido!! Gestão sempre comprometida!", dizia. No momento deste comentário, porém, o estudante havia morrido há pelo menos uma hora.

"Ela não entrou em contato comigo no privado, foi só na publicação. Eu nem ia responder ela, pois não tinha mais cabeça para nada", desabafa a irmã. Ainda de acordo com os familiares, eles conseguiram contato com alguns hospitais em outras cidades, mas foram informados de que não havia ambulância disponível.

"Falaram que não tinha ambulância nem para fazer transferência para Santos. Ele morreu e está no IML de Santos. Para a morte, tem ambulância. Absurdo", finaliza.

Por meio de nota, a Prefeitura de Guarujá explica que Kátia Ferreira é servidora municipal e se envolveu diretamente na requisição da vaga de UTI via SISREG e CROSS. Ela se posicionou, de acordo com a prefeitura, "em uma atitude isolada e sem a anuência de seus superiores hierárquicos, diante da proporção que o caso ganhou no ambiente virtual, por parte de pessoas que não tinham conhecimento da gravidade do estado de saúde do paciente nem dos protocolos médicos e administrativos que vinham sendo tomados"

Ainda de acordo com a assessoria, a atitude não segue o protocolo adotado pela Secretaria de Saúde, que lamenta o ocorrido e destaca que o caso será apurado internamente, com a consequente aplicação das devidas medidas disciplinares cabíveis.

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