QUINTA, 12/11/2020, 11:44 Educação

Professores acusam escolas particulares de camuflarem aulas regulares em SP

O Sindicato dos Professores de São Paulo recebeu 39 denúncias de escolas que tentam camuflar aulas regulares com nomes que sugerem 'atividades extracurriculares'. Também há relatos de sobrecarga de trabalho e mais alunos por sala do que o permitido.

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Escolas mantêm carteiras afastadas no retorno das aulas presenciais do Ensino Médio em SP. Foto: Júlio Vieira / CBN (Crédito: )

Escolas mantêm carteiras afastadas no retorno das aulas presenciais do Ensino Médio em SP. Foto: Júlio Vieira / CBN

Por Victoria Abel, Julio Vieira e Leandro Gouveia

Professores da rede privada de ensino acusam escolas de promover retorno às atividades presenciais de forma irregular.

Profissionais ouvidos pela reportagem da CBN contam que a direção das escolas tem orientado professores a promover aulas regulares, mesmo com a modalidade ainda proibida para os ensino infantil e fundamental na capital paulista.

Dessa forma, as escolas estariam dando sequência ao conteúdo curricular nos horários presenciais em que seria permitido apenas atividades extracurriculares, como orientações, leitura, atividades esportivas e aulas de reforço.

Uma professora de ensino fundamental de uma escola na Zona Sul de São Paulo afirma que, além de distorcer o decreto municipal, professores estão ficando sobrecarregados já que precisam dar conta do conteúdo presencial e online ao mesmo tempo.

"O que acontece é que as escolas estão convocando os professores regulares para fazer propostas supostamente extracurriculares no horário de aula dos estudantes e não no contraturno, e isso distorce o decreto. Fazem o curricular no horário do extra e o extra no horário do curricular, e aí os professores têm que trabalhar mais fora do seu horário para dar conta ou os estudantes não vão receber as suas atividades. Fora os alunos que não vão pela opção das famílias. O que fazer com eles? Enquanto o professor que devia estar lá dando aula para eles está cumprindo uma função que não é a sua, de dar aulas extras, no horário curricular."

Uma outra professora de ensino infantil afirma que a escola em que trabalha permite a frequência das mesmas crianças de segunda a sexta, oito horas por dia, o que configura ensino integral.

Também de acordo com a professora, turmas foram agrupadas, ultrapassando o limite permitido de alunos sala.

"Um dos principais procedimentos é não juntar turmas. Mas esse procedimento não tem sido cumprido, e a escola ainda mascara isso para as famílias, mandando fotos que não condizem com a realidade."

O Sindicato dos Professores de São Paulo afirma que recebeu, desde o dia 7 de outubro, 39 denúncias de escolas que tentam camuflar aulas regulares com nomes que sugerem 'atividades extracurriculares'.

O sindicato afirma que já alertou as escolas e pediu mais fiscalização para as subprefeituras responsáveis.

Para o diretor do sindicato, Ailton Fernandes, houve uma falha do próprio poder público ao não estabelecer regras mais específicas sobre o que são as atividades extracurriculares e ao não fazer a fiscalização adequada.

"Para nós, o decreto flexibiliza essa volta sem que o poder público tenha pernas para poder fazer a fiscalização sanitária necessária."

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo afirma que não tem conhecimento de escolas que funcionam de forma irregular e que os estabelecimento estão fazendo aulas de reforço e acolhimento para os alunos menores, mais prejudicados com as aulas on-line.