Política

Morre, aos 80 anos, o ex-vice-presidente Marco Maciel

Político foi vice-presidente nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso
Ex-vice-presidente Marco Maciel Foto: Agência Senado
Ex-vice-presidente Marco Maciel Foto: Agência Senado

RIO — Morreu na madrugada deste sábado, aos 80 anos, o ex-vice-presidente da República Marco Maciel, em Brasília. Maciel foi o vice nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Foi deputado, senador e governador de Pernambuco, e era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

FH lamentou a morte de seu vice e exaltou sua lealdade: "Exerceu a vice-presidência nas duas vezes em que fui presidente. Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo diria: lealdade. Viajei muito, sem preocupações: Marco exercia com competência e discrição as funções que lhe correspondiam.Deixa saudades."

O político foi um dos artífices da redemocratização, como um dos principais articuladores da transição entre o período militar e a volta da democracia. Antes apoiador do regime comandado pelos militares e integrante da Arena, sempre teve um perfil moderado e foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal (PFL), gênese do atual Democratas, que rompeu com o governo do general João Batista Figueiredo e apoiou a eleição de Tancredo Neves, do MDB, contra o governista Paulo Maluf, do PDS.

Mais tarde, formou a chapa vitoriosa com Fernando Henrique Cardoso e foi um importante articulador para a aprovaçao de reformas econômicas no Congresso.

O NORDESTE NO PODER

Advogado e professor de Direito Internacional, após o golpe de 1964, Marco Maciel atuou como assessor do então governador de Pernambuco, Paulo Guerra. Em novembro de 1966 elegeu-se deputado estadual no estado pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar. Quatro anos depois, se candidatou e foi eleito deputado federal por Pernambuco, reeleito em 1974.

Em novembro de 1976, Maciel foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 1977-1978. Em abril daquele ano, o presidente Ernesto Geisel decretou o fechamento do Congresso Nacional. Com a extinção do bipartidarismo em novembro do ano seguinte, foi um dos fundadores do Partido Democrático Social (PDS), que substituiu a Arena.

Após passar pelo cargo de governador de Pernambuco, Maciel deixou o posto para se candidatar ao Senado. Eleito, passou a se dedicar à articulação do lançamento de sua candidatura à Presidência, prevista para se realizar por via indireta em janeiro de 1985.

Um ano antes, em janeiro de 1984, ele passou a defender a tese de eleições diretas em todos os níveis, inclusive para presidente da República.

HOMENAGENS

Nas redes sociais, o Democratas,  divulgou um comunicado assinado pelo presidente do partido ACM Neto.

"Marco Maciel foi um dos mais importantes quadros do nosso partido. Com sua exemplar atuação na vida pública, escreveu uma história irretocável de dedicação ao nosso país."

O MDB também divulgou uma nota em que afirma que Maciel teve papel importante na reabertura democrática do país.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), escreveu em suas redes sociais que Maciel é um político de extrema capacidade de negociação e dotado de espírito público.

"Neste sábado, o Brasil se despede do ex-Vice-Presidente Marco Maciel. Político com extrema capacidade de negociação e dotado de espírito público, contribuiu para o engrandecimento do Brasil, sempre pautado pela ética e probidade. Meus sentimentos aos familiares e amigos", escreveu.

O ministro do Supremo Tribunal  Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse que Maciel foi um jurista e político que honrou o exercício da atividade pública.

"Meus sentimentos à família de Marco Maciel, jurista e político que honrou o exercício da atividade pública e dignificou a vice presidência da República".

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, divulgou uma nota em que lamenta a morte do ex-vice-presidente.

"Recebo com pesar a notícia do falecimento do ex-vice-presidente da República Marco Maciel. Político conhecido pelo seu espírito público e diálogo, ele também tem seu nome gravado na História do país pelos esforços empenhados em defesa da população brasileira. Expresso, neste momento, minha solidariedade à família e aos amigos".

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) lamentou a morte de Maciel nas redes sociais.

"Homem decente e de espírito publico, dignificou as melhores tradições pernambucanas na política brasileira. Meus sentimentos à família e amigos", escreveu Ciro.

Mendonça Filho (DEM-PE), que é do mesmo partido de Maciel e foi ministro de estado, também lamentou a morte do político.

"Falar de Marco Maciel é falar de uma história de honradez, de trabalho em defesa do país e dos valores democráticos. Conciliador, foi um homem público que simboliza a seriedade, a honestidade, o trabalho, a integridade e a simplicidade", afirmou Mendonça Filho.

O governador de São Paulo, João Doria, prestou condolências aos familiares.

O ex-governador de Minas Gerais Antônio Anastasia afirmou que recebeu com tristeza a notícia do falecimento de Marco Maciel.

"Recebi com tristeza a notícia do falecimento do ex-vice-presidente e ex-senador Marco Maciel. Tivemos uma relação muito próxima e cordial em Brasília, durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso".

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