Concursos e Emprego

Por G1


Palácio Itamaraty, em Brasília — Foto: Joelson Maia/TV Globo

O Ministério das Relações Exteriores trocou a banca organizadora do concurso de admissão para a carreira de diplomata - o Instituto Rio Branco. De acordo com publicação no Diário Oficial desta quinta-feira (27), o Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades) foi contratado para a realização das provas deste ano. Há anos, a seleção era feita pelo Cebraspe (antigo Cespe/UnB).

A contratação foi feita com dispensa de licitação – segundo o texto do Diário Oficial, com base na lei de licitações, que prevê dispensa em caso de contratação "de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos".

O valor contrato firmado com o Iades é de R$ 936 mil.

Em nota, o Cebraspe informou que apresentou proposta para a realização do concurso e que lamenta a decisão.

"A proposta considerou a complexidade e a qualidade com as quais devem ser realizadas as provas do Órgão. Sobre a escolha, o Centro lamenta a decisão e se orgulha de ter realizado, durante 26 anos, a prova para a carreira de Diplomata do Instituto", declarou.

Concurso terá 20 vagas

O concurso deste ano vai oferecer 20 vagas, segundo portaria publicada no "Diário Oficial da União" em 19 de junho. O prazo de realização da primeira prova (prova objetiva), com relação à data de publicação do edital do concurso, será reduzido para dois meses, devido "à necessidade de que a data de conclusão do concurso seja compatível com o planejamento de atividades do Instituto Rio Branco em 2020".

A primeira fase do concurso consistirá de prova objetiva, de caráter eliminatório, constituída de questões de língua portuguesa; língua inglesa; história do Brasil; história mundial; política internacional; geografia; economia e direito e direito internacional público.

A segunda fase do concurso consistirá de provas escritas, de caráter eliminatório e classificatório, constituída de questões de língua portuguesa; língua inglesa; história do Brasil; geografia; política internacional; economia; direito e direito internacional público; língua espanhola e língua francesa. Serão estabelecidas notas mínimas para aprovação nas provas escritas.

Proposta mais vantajosa

Segundo o Itamaraty, o Iades "comprovou capacidade técnica para a organização e realização" do concurso.

O ministério afirmou ainda que o instituto apresentou proposta mais vantajosa, tanto em termos de técnica quanto de preço. Em 2018, o contrato aprovado para contratação do Cebraspe, também sem licitação, foi de R$ 1,83 milhão.

Denúncias

O Iades foi alvo de investigação em 2017 após suspeitas de fraude no concurso da Polícia Militar do Distrito Federal em 2017. Em outro concurso da PM do DF no ano passado, a organizadora também foi alvo de denúncias envolvendo a correção das redações. Na ocasião, a organizadora reconheceu problemas na digitalização dos exames de alguns candidatos, o que impediu a identificação de erros.

Atualmente, entre os concursos organizados pelo Iades estão os do Banco de Brasília (BRB) e Conselhos de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso e de Farmácia de Rondônia. O organizadora também foi responsável pelo concurso da Apex.

Concursos anteriores

O último concurso para diplomatas ofereceu 26 vagas e teve salário de R$ 18.059,83. O edital foi lançado em junho de 2018.

A seleção costumava ter três fases, com provas de múltipla escolha e provas escritas com disciplinas como Língua Portuguesa, Língua Inglesa, História do Brasil, Geografia, Política Internacional, Noções de Economia, Noções de Direito e Direito Internacional Público, Língua Espanhola e Língua Francesa. Os que são aprovados em todas as etapas do concurso passam por um curso de formação no Instituto Rio Branco.

O Instituto Rio Branco (IRBr), fundado em 1946, é responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros, que trabalharão no Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Desde aquele ano, é realizada seleção para o cargo. O Cebraspe, antigo Cespe/UnB, vinha sendo a organizadora do concurso nos últimos anos.

Os candidatos à carreira de diplomata vinham estudando com base nos editais e provas anteriores do Cebraspe. Com a mudança de organizadora, não é possível saber por exemplo se o concurso para o Itamaraty terá a mesma quantidade de disciplinas e fases.

O concurso é bastante disputado devido ao alto salário pago, pelo status do cargo e pelo fato de o aprovado ter a possibilidade de morar em vários países, além de aceitar candidatos com nível superior em qualquer área.

Dúvida sobre realização do concurso

Em maio, o presidente Jair Bolsonaro disse que o concurso para diplomata seria realizado este ano e nos próximos. Até então, o governo ainda não havia se manifestado sobre a realização do concurso, que acontece anualmente.

Em abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou em "travar" concursos públicos como forma de reduzir os gastos com a folha de pagamento de servidores, gerando dúvidas quanto à realização do concurso do Ministério das Relações Exteriores este ano.

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