• Redação Galileu
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Ilustração de julgamento de bruxa em Salem (Foto: Jessolsen/Wikimedia Commons)

Ilustração de julgamento de bruxa em Salem (Foto: Jessolsen/Wikimedia Commons)

O dia 19 de agosto de 1692 foi um dos ápices do famoso julgamento das Bruxas de Salem, o caso mais conhecido de caça às bruxas, que ocorreu naquele ano em uma pequena cidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, numa colônia britânica puritana em que a Igreja comandava tudo. Cerca de 200 pessoas foram presas ou acusadas de bruxaria e 20 condenadas à morte — cinco delas executadas neste dia.

Entenda o caso:

1. Como começou

Tudo começou em fevereiro, quando a filha de 9 anos do Reverendo de Salem, Samuel Parris, ficou doente. Mas ela apresentava sintomas esquisitos: contorcia-se de dor, gritava e alegava estar sendo picada por insetos. O mesmo ocorreu com a sobrinha de Parris, de 11 anos, e outra garota da mesma idade.

2. As "culpadas"

Pressionadas por líderes religiosos locais, que atribuíam tudo a obras do diabo, as meninas culparam três mulheres pela doença: Tituba, uma escrava; Sarah Good, uma mendiga; e Sarah Osborne, uma idosa pobre.

3. O julgamento

Em março, deu-se início ao julgamento das três. Tituba confessou que recebeu uma visita do diabo e que havia se tornado sua serva, provavelmente por acreditar que isso a livraria da forca. Também acusou outras mulheres que estariam tramando contra os puritanos. Ela e as outras (que haviam declarado ser inocentes) foram presas.

Litografia

Litografia "A Bruxa nº 1" (Foto: Joseph E. Baker/Wikimedia Commons)

4. Paranoia

Isso foi o suficiente para gerar paranoia. Mais acusações começaram a surgir e até que uma garota de 4 anos foi presa por alguns meses em meio aos julgamentos. Nem um ministro da igreja se salvou: ele foi enforcado por ser considerado o líder das bruxas e acusado de enfeitiçar soldados em uma campanha contra os índios que foi um verdadeiro fracasso.

5. O fim

A caça só terminou quando o governador William Phipps atendeu a um pedido do então presidente da Universidade Harvard, que denunciou o uso de evidências especulativas — testemunhos sobre sonhos e visões. “É melhor que dez bruxas suspeitas escapem do que uma pessoa inocente seja condenada”, escreveu. Pressionado por isso, e pelo fato de a própria esposa estar sendo acusada de bruxaria, decretou o fim do julgamento em 29 de outubro.

6. Reconhecimento

Após o ocorrido, diversos dos envolvidos reconheceram o erro e admitiram a culpa publicamente. Em 1702, os julgamentos foram considerados ilegais, e nove anos depois a colônia determinou que os nomes dos condenados fosse “limpo”, além de uma recompensa financeira para os herdeiros. Em 1957, o estado de Massachusetts formalmente pediu desculpas pelo ocorrido.

7. Histeria coletiva

Atualmente, o caso é considerado um exemplo de histeria ou paranoia coletiva. Há também teses, como uma publicada pela psicóloga Linnda Caporael, que atribuem os sintomas esquisitos das crianças a um tipo de fungo que pode ser encontrado no pão e que provoca espasmos musculares, vômitos e alucinações.